Justiça interrompe garimpo que ameaçava povos isolados no Amazonas
A mineração ilegal estava sendo feita na Terra Indígena do Igarapé Preto, localizada em Novo Aripuanã. A área abriga três povos: Isolados do Igarapé Preto, Isolados Kaiduwa e Tenharim

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 23/05/2025 às 17:13 | Atualizado em: 23/05/2025 às 17:13
A Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiu na Justiça Federal do Amazonas decisão liminar para impedir a continuidade do garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) do Igarapé Preto, localizada em Novo Aripuanã, no sul do estado.
A TI abriga três povos: Isolados do Igarapé Preto, Isolados Kaiduwa e Tenharim.
A área já havia sido embargada pelo Ibama em decorrências dos danos ambientais causados pelo garimpo e o desmatamento de 1.210 hectares dentro da TI.
De acordo com a AGU, as atividades ilícitas teriam sido autorizadas por caciques locais, que recebiam percentual da produção, conforme relatos de indígenas presentes no local durante a fiscalização do Ibama.
A Procuradoria-Regional Federal da 1ª Região (PRF1) ajuizou Ação Civil Pública (ACP) para que os responsáveis pelos danos causados na região paguem uma multa de R$ 6 milhões para a cada um dos infratores – os dois caciques e o ocupante do imóvel.
Mesmo embargada, o Ibama constatou que a área continuava sendo explorada ilegalmente, o que “evidencia a atualidade dos danos e o descumprimento das medidas administrativas”.
A AGU solicitou a reparação dos danos, a proibição dos réus explorarem a área desmatada, a suspensão de financiamentos e incentivos fiscais e a decretação da indisponibilidade de bens móveis e imóveis dos réus no montante de R$ 18,5 milhões, referente ao custo da reparação do dano in natura e ao dano moral coletivo.
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“Durante fiscalização ambiental, realizada no âmbito da Operação Warã II, foram encontradas áreas mineradas totalmente degradadas e a terra estéril. Os cursos d’águas próximos foram desviados para que o leito original pudesse ser minerado, extinguindo a existência de qualquer possível forma de vida aquática”, diz nota da AGU.
No local, diz a Advocacia, teriam sido encontradas também escavadeiras hidráulicas, maquinários pesados, motobombas, mangueiras, mangotes, entre outros equipamentos utilizados na garimpagem.
Foto: divulgação/Gov