Bois de Parintins querem governo fora do festival em 2025
Governador Wilson Lima diz que os bois podem caminhar com as próprias pernas, e que esse é o seu objetivo.

Adrissia Pinheiro, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 17/12/2024 às 16:38 | Atualizado em: 17/12/2024 às 17:58
A polêmica que se formou sobre a venda de ingressos no Festival Folclórico de Parintins acena para um desfecho nada amistoso entre os bois-bumbás Caprichoso e Garantido e o Governo do Amazonas.
É que os dirigentes das associações dos bois já vislumbram a hipótese de realizar o evento em 2025 sem a participação do governo, que é até então o organizador do espetáculo anual.
Mais do que isso, é o governo um dos principais patrocinadores e que prover toda a estrutura de serviços públicos, notadamente de saúde, segurança e turismo.
Sem contar que o centro de convenções, o bumbódromo, onde ocorrem as três noites da disputa na arena de Caprichoso e Garantido, é um espaço público do estado.
Portando, apesar desse cenário, as associações mostram disposição de enfrentar o impasse e os impactos.
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O peso dos ingressos
Essa tensão entre o governo e os bumbás veio à tona na semana passada. Os dirigentes Rossy Amoedo (Caprichoso) e Fred Góes (Garantido) revelaram estar em curso um processo de licitação para a bilheteria do Festival de Parintins sem a anuência dos bois e ferindo a autonomia dos mesmos como detentores dos direitos intelectuais e de realização do eventos: a festa é dos bois e do povo de Parintins.
Para eles, isso é uma intervenção indevida no evento que pertence aos bois, sobretudo porque não informados tampouco chamados a discutir a questão.
Dessa forma, as associações acharam por bem expor a polêmica e a irresignação em nota pública conjunta.
“A comercialização de ingressos para o Festival Folclórico de Parintins é responsabilidade exclusiva das associações dos bois Garantido e Caprichoso, conforme contratos privados firmados no exercício de sua autonomia jurídica, respaldada no direito de arena e na propriedade intelectual sobre suas apresentações”.
Esse é um trecho de ofício que os bumbás enviaram ao governo, na semana passada.
Conforme deixaram entender nos bastidores, essa intervenção do governo faz dos donos do festival meros prestadores de serviço.
“O que eles querem é roubar a Estrela [Caprichoso] e o Coração [Garantido] dos parintinenses”, dizem os mais exaltados.
É como resultado desse contexto que os bumbás não descartam deixar o Governo do Estado fora do evento.
Contudo, se isso se confirmar, não será inédito.
Em 2016, o governo, pelas mãos do governador José Melo, ficou de fora porque não patrocinou.
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O que diz o governador
“Fico feliz com a maturidade dos bois. Meu objetivo sempre foi esse, das agremiações não dependerem mais do Governo do Estado para realizar o festival, não dependerem da estrutura estatal”.
Foi dessa forma que o governador Wilson Lima manifestou ao BNC Amazonas a notícia de que os bois pretendem deixar o governo de fora do festival em 2025.
De acordo com Lima, hoje as associações folclóricas têm condições de fazer isso.
Todavia, argumentou, em forma de alerta:
“Só não dá para acontecer o processo de exploração que vinha acontecendo, de quem vende os ingressos ser sócio dos bois”.
O governador afirmou que hoje é cobrado de 40 a 50% do valor dos ingressos pela empresa que vende, enquanto outras operadoras fazem o mesmo serviço por até 5%.
Apesar desse comportamento dos dirigentes dos bois, Lima disse que está à disposição para buscar o entendimento.
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Decisões do TCE
Conforme a Secretaria de Estado da Cultura (SEC), a abertura de licitação para nova vendedora de ingressos foi recomendação do TCE-AM (Tribunal de Contas do Amazonas).
Em agosto deste ano, logo após a realização do festival, uma decisão do conselheiro do Luís Fabian Barbosa, do tribunal, mandou suspender qualquer tratativa sobre ingressos para 2025.
Barbosa acatava, dessa maneira, representação do Ministério Público de Contas (MPC).
Entre outras determinações, o conselheiro mandou que Caprichoso e Garantido, bem como a Prefeitura de Parintins, realizassem concorrência pública para escolher a nova empresa comercializadora de ingressos a partir de 2025.
Em conclusão, a pedido do MPC, Barbosa determinou ao governo estadual que, caso não fosse escolhida nova empresa, qualquer repasse de recursos para os bois em 2025 deve ser interrompido.
Amazon Best
Consultada, a Amazon Best afirmou que o comissionamento para a gestão da bilheteria e receptivo do público pagante é a praticada universalmente pelo mercado, de 20%.
Foto: divulgação