Imortal indígena critica COP-30 e planos de petróleo na Amazônia

"Corporações e empresários vão ganhar muito com a COP-30, e populações locais vão perder tudo", comentou Ailton Krenak

Imortal indígena critica COP-30 e planos de petróleo na Amazônia

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 01/05/2025 às 11:00 | Atualizado em: 01/05/2025 às 11:00

O único imortal indígena da Academia Brasileira de Letras (ABL), o escritor Ailton Krenak, criticou a realização da conferência do clima da ONU na Amazônia, a COP-30, em Belém (PA)

Conforme reportagem do portal Terra, o filósofo emocionou a plateia de acadêmicos com uma visão singular sobre a crise climática e a destruição dos recursos naturais do planeta.

A fala de Krenak se deu no Collège de France, uma das instituições de ensino superior e pesquisa científica mais prestigiosas da França, a terça-feira (29).

Sobretudo, o escritor alertou que, diante das evidências científicas sobre o impacto das ações humanas sobre o clima, como o uso combustíveis fósseis, a humanidade “está experimentando a imensa perda da qualidade da experiência de estar vivo”.

Segundo ele, “não estamos só ameaçada pelo clima, mas pela imobilidade”.

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Petróleo na Amazônia

Dessa maneira, Krenak foi mais direto sobre os projetos do governo brasileiro de abrir novas frentes de petróleo na foz do rio Amazonas.

“É uma espécie de divórcio da realidade o governo brasileiro, ou qualquer outro governo regional, insistir na exploração de fósseis, de petróleo”, afirmou.

Assim, o filósofo lembrou que, na última conferência do clima, no Azerbaijão, o presidente do país anfitrião considerou que o gás e o petróleo são “um presente de Deus”.

“Enquanto a gente viver essa ideia simplória e oportunista de recursos naturais que Deus deu, nós vamos entrar pelo cano”, disse Krenak.

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COP na Amazônia

Ainda de acordo com a publicação, o escritor lamentou que os acordos relacionados à proteção do meio ambiente “estejam todos derretendo”, e criticou a decisão do Brasil e a ONU de fazer a próxima COP em uma cidade amazônica.

“Eu acho que a COP30 vai ser um ônus. Ela vai exigir muito investimento, vai gastar muita coisa para promover uma conferência que podia acontecer online. Não precisava ser na Amazônia”, alegou. “Como é que vai você dizer que uma conferência vai ser boa se o legado imediato que ela deixa é a perda da qualidade de vida dos habitantes e da liberdade desses habitantes de se organizarem?”, avaliou.

Ele também afirmou que, com a ausência dos Estados Unidos na mesa de negociações, a conferência “vai ser um grande evento de empresários”.

“Corporações e empresários vão ganhar muito com a COP-30, e populações locais vão perder tudo”,

comentou.

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Foto: Wikimedia/Coletivo Garapa