Ianomâmis: garimpeiros usam zap no alerta dos passos da PF
"Só um aviso aí, quem for trazendo alguma hoje, guarda em algum lugar"

Publicado em: 07/02/2023 às 19:01 | Atualizado em: 07/02/2023 às 19:27
Nas primeiras horas da manhã de ontem (6), garimpeiros que estão na Terra Indígena Ianomâmi se comunicavam sobre operações da Polícia Federal (PF) em grupos de WhatsApp.
De acordo com o UOL, um áudio alertava sobre os locais patrulhados e orientava os colegas a esconderem ouro e armas; alvos de apreensão.
“Tanto quem vem de Alto Alegre [RR], [rio] Apiau, [rio] Uraricoera vai ser abordado para ver se não tá trazendo ouro, armas… Quem tiver trazendo, vão ser enquadrado, vão responder. Só um aviso aí, quem for trazendo alguma hoje, guarda em algum lugar”.
Os locais citados são todos ligados à terra ianomâmi. Alto Alegre é uma cidade vizinha do território indígena. Os dois rios mencionados ligam a área ianomâmi a locais fora do espaço de proteção.
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O áudio ainda respondeu a várias perguntas que vinham sendo feitas pelos garimpeiros, ao longo da manhã, já que a primeira mensagem postada era genérica.
“[Se] Souber de alguém que tiver vindo, avisa que a Federal tá na estrada e parando todo mundo”, diz a gravação.
Muitos garimpeiros perguntaram sobre qual estrada e localidades as barreiras policiais estavam. Eles também queriam saber sobre os alvos das blitze.
Segundo o UOL, a assessoria da PF informou que “a instituição não está falando sobre operações na Terra Indígena Ianomâmi”.
Além de se articular para não perder ouro e armas, os garimpeiros passaram a segunda-feira buscando meios para deixar a região.
“Alguém sabe me informar em média quanto custa um aluguel de um helicóptero na região de Roraima?”, perguntava um post num grupo do Facebook.
Nas últimas semanas, o governo federal anunciou o controle do espaço aéreo, a maior presença de agentes públicos e uma operação de retirada de garimpeiros da terra ianomâmi, que ainda não tem data confirmada oficialmente.
Dessa forma, essas medidas levaram a uma fuga de invasores —e, consequentemente, à alta nos preços dos voos legais e à lotação de embarcações.
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Foto: Chico Batata / Greenpeace