Ianomâmis: Bolsonaro é levado à ONU pelo plano de genocídio

Nesta semana, o órgão internacional com sede em Genebra realiza uma sabatina com o Brasil, examinando a situação de direitos humanos do país

Ianomâmis

Ferreira Gabriel

Publicado em: 27/06/2023 às 11:10 | Atualizado em: 27/06/2023 às 11:30

Um processo de genocídio contra povos indígenas estava em curso sob a gestão de Jair Bolsonaro. Assim afirmou o governo de Lula da Silva nesta terça-feira no Comitê de Direitos Humanos da ONU.

Nesta semana, o órgão internacional com sede em Genebra realiza uma sabatina com o Brasil, examinando a situação de direitos humanos do país.

Os peritos estrangeiros cobram respostas do governo para o que chamam de “questões estruturais e sistêmicas” em diversas áreas. Mas a situação dos últimos quatro anos passou a ser inevitável no debate.

Um dos destaques entre os peritos é a situação da pandemia da covid-19 no Brasil e a crise envolvendo os povos indígenas.

Num dos momentos mais enfáticos do debate, ainda na segunda-feira, a presidente do Comitê, Tania Maria Abdo Rocholl, afirmou que as mortes pela covid-19 no país atingiram números “muito elevados”.

Ela pediu que o governo explicasse se, durante a crise, houve alguma campanha para conscientizar a população sobre os riscos da pandemia e quais medidas foram tomadas para proteger grupos mais vulneráveis, como indígenas e negros.

Ela, porém, afirmou que medidas que iam no sentido contrário foram tomadas e que, “do mais alto nível” político, a doença foi tratada como uma “gripezinha”, além de uma pressão pela volta ao trabalho. Para ela, o que preocupa é que a atitude veio da cúpula do governo.

Ao responder, nesta manhã, a delegação brasileira admitiu que a pandemia foi tratada com “negligência” e “negacionismo”. O governo ainda apontou que a administração Bolsonaro não seguiu as recomendações internacionais para preservar a vida.

Ao subestimar a doença, o Brasil passou a ser o segundo país no mundo com maior número de mortes.

No que se refere aos povos indígenas, a situação foi ainda mais dramática. Segundo a delegação, a vacinação e distribuição de máscaras foram lentas e insuficientes, enquanto o governo Bolsonaro se dedicou a enviar para as comunidades kits de tratamento precoce, sem efetividade comprovada.

Para completar, o governo Lula informou às Nações Unidas que a administração Bolsonaro negou atendimento a indígenas em terras não demarcadas.

O governo brasileiro ainda informou aos peritos que, no caso do povo ianomâmi, “estava em curso um processo de genocídio”. Segundo a delegação brasileira, “omissões” permitiram que as terras indígenas fossem invadidas por 30 mil garimpeiros e criminosos.

Leia mais na coluna de Jamil Chade no UOL

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Foto: Sesai/divulgação