Governo incentivará indústria automotiva nacional e estrangeira

Publicado em: 17/09/2017 às 14:36 | Atualizado em: 17/09/2017 às 14:36

Lançado em abril, o programa Rota 2030, que substituirá o Inovar-Auto como política para o setor automobilístico, concederá créditos tributários tanto a empresas que produzem no Brasil quanto às que importam.

A intenção é sanar os problemas que levaram a Organização Mundial do Comércio (OMC) a condenar o Inovar-Auto, em vigor até 31 de dezembro.

As informações são do secretário de Desenvolvimento e Competitividade Industrial do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Igor Calvet (na foto com outros brasileiros no evento), que concedeu entrevista à Agência Brasil da Alemanha, onde participa de missão com representantes de outros órgãos públicos para conhecer as iniciativas do país europeu em eletromobilidade (veículos movidos a energia elétrica).

O secretário explicou que a condenação pela OMC abrange dois pontos do Inovar-Auto.

Um deles diz respeito à discriminação de produtos importados por meio da oneração, em 30 pontos, do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

O outro está relacionado à adoção de uma estrutura de conteúdo local (estabelecimento de valor percentual mínimo de componentes brasileiros para cada equipamento ou sistema da indústria de automóveis).

“Dessa vez, o governo brasileiro tem tentado e vamos conseguir, com razoável êxito, fugir dessa controvérsia. Vamos tentar fazer incentivos todos horizontais, que valem tanto para a indústria que produz como para a que apenas comercializa no país, no caso, os importadores”, afirmou.

Segundo ele, além de créditos tributários, a ideia é estabelecer no Rota 2030 metas mais rígidas de eficiência energética ou dispêndios mínimos em pesquisa, desenvolvimento e engenharia.

A previsão é que as discussões sobre o programa terminem até o fim deste mês e, na sequência, sejam editados os primeiros atos legais pertinentes, sob forma de Medida Provisória (MP) ou decreto.

 

De acordo com o secretário, além do tratamento igualitário aos importadores, a nova política se diferenciará do Inovar-Auto pela ênfase em sustentabilidade e segurança veicular.

Ele ressalta que, até pouco tempo atrás, esses temas não eram tratados como relacionados à política industrial.

“Será feito um esforço na área de eficiência energética. O Japão e a União Europeia têm feito isso. As montadoras precisam fazer grandes investimentos para que a emissão de CO2 [gás carbônico] diminua. Além disso, tem uma grande preocupação nesse novo ciclo com a segurança. Custos relacionados a acidentes de trânsito superam bilhões de reais, tanto em termos previdenciários como no âmbito do Sistema Único de Saúde”, afirma.

 

Continuidade

Apesar da condenação do Inovar-Auto, representantes do governo têm ressaltado que o programa foi positivo, no sentido de impulsionar a produção brasileira no setor automobilístico.

“Nós temos, a partir do Inovar-Auto, uma grande capacidade produtiva de pelo menos 450 mil veículos por ano. Tivemos ampliação da produção, vários investimentos foram feitos, várias montadoras chegaram ao país, assim como laboratórios de pesquisa e outras coisas mais”, enumera Calvet.

Segundo ele, a ideia é dar continuidade ao esforço feito no programa no que diz respeito à pesquisa e desenvolvimento.

“Os dados que temos do Inovar-Auto dão conta de que houve investimentos de pouco mais de R$ 5 bilhões por ano em pesquisa, desenvolvimento e engenharia. Esses são dados muito positivos”, ressalta.

O secretário diz que, caso haja manutenção desse ritmo “o Brasil se posicionará em 2030, após três ciclos de investimentos, como um player global”.

 

Veículos elétricos

A missão do governo brasileiro na Alemanha inclui visita à empresa de serviços postais do país, a DHL, que atualmente tem 3,4 mil veículos elétricos em uma frota de 92 mil.

A empresa também encomendou a construção de furgões elétricos para renovar sua frota.

A comitiva também participou de uma reunião sobre ônibus elétricos com uma empresa de transporte público.

A agenda no país europeu termina nesta segunda-feira (18).

 

Representantes brasileiros

Além do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a comitiva brasileira tem representantes dos ministérios de Minas e Energia (MME) e da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), e, ainda, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Apesar do interesse do governo na eletromobilidade, os veículos elétricos não são uma perspectiva imediata para o Brasil. Por enquanto, não há previsão de incentivo para eles no Rota 2030.

“Pode ser que os incentivos venham aí. Estamos repensando, para ver se vale a pena fazer uma reestruturação da forma de tributação de veículos híbridos e elétricos do país”, disse Calvet.

Fonte: Agência Brasil

 

Foto:  Reprodução/MDIC e Exame