‘Governo deixa Amazonas de joelhos sem BR-319’, diz Wilson Lima

Governador fez a declaração em entrevista à CNN Brasil

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 23/08/2024 às 20:33 | Atualizado em: 23/08/2024 às 20:34

O governador do Amazonas, Wilson Lima, voltou a criticar o governo federal por conta dos impedimentos na pavimentação do trecho do meio da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, em Rondônia. E a crítica contundente foi em rede nacional.

Isso ocorreu na entrevista que o governador deu à rede de televisão CNN Brasil nesta quinta-feira (22).

Ao ser questionado sobre as dificuldades logísticas do estado do Amazonas, principalmente por conta da imensa floresta, dos rios, a pavimentação da BR-319 foi citada.

Assim como as preocupações que o projeto desperta especialmente por parte dos ambientalistas como também da ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva.

Desse modo, o calcanhar de Aquiles da chamada “rodovia da integração”, a visão de que o asfaltamento dos quase 500 quilômetros do trecho central poderá levar ao desmatamento e ampliação de queimadas, provocou Lima.

Foi aí que ele respondeu e fez a crítica ao governo do presidente Lula da Silva de forma dura:

“O povo do Amazonas não aceita o discurso de que não é possível a gente sair do isolamento, assim como não é possível pavimentar ou recuperar a BR-319. Eu estou falando de uma estrada que foi inaugurada lá em 1976, portanto, o que precisa na BR-319 é manutenção”.

E prosseguiu:

“Se o governo federal disser ao povo do Amazonas que essa é uma rodovia duas ou três vezes mais cara que uma rodovia em outro lugar, a gente aceita. Agora, dizer que não é possível pavimentar a BR-319 e começar a construir uma narrativa de que a estrada vai aumentar desmatamento ou crimes ambientais, isso é inaceitável. Dessa forma, não dá para o governo brasileiro simplesmente querer construir uma história de protetor da Amazônia e colocar a população do estado do Amazonas de joelhos”.

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Condicionantes

De a acordo com o governador, o Amazonas e sua população, ao contrário do que se propaga, estão dispostos a atender a todas as condicionantes ambientais propostas pelos órgãos do governo, que estão à frente do projeto de pavimentação da BR-319 – Ministério dos Transportes, Dnit, Ibama, ICMbio, entre outros.

Lima diz que se é para colocar chip no carro, que sai do Careiro (município do Amazonas) para ir até Porto Velho, não tem problema.

Ou se se quiser construir um portal, instalar câmeras ao longo da estrada, pôr balança para pesar os carros a fim de impedir carga pesada, também não tem problema. Todas essas condicionantes o Governo do Estado está disposto a fazer e cumprir.

Desabastecimento

“Agora, o que não dá é para a gente continuar no isolamento. E, olha que nós tivemos uma série de episódios, que mostraram a importância da BR-319 tem para o nosso povo. Na seca do ano passado, tivemos entre 25% e 30% de desabastecimento no estado. Neste ano, nós corremos o risco de novamente ter um desabastecimento muito grande no comércio do Amazonas. Portanto, a BR-319 seria agora a nossa salvação. Seria uma das alternativas que teríamos para minimizar os impactos da seca no Amazonas”.

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Eleições

Ainda falando dos desafios logísticos do Amazonas, o governador falou também sobre a dificuldades no transporte de urnas eletrônicas no interior do estado.

Informou que o governo estadual está trabalhando em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM) desde o início do ano, prevendo a severa seca dos rios, que deve ser pior que a de 2023.

Com o apoio da Polícia Militar, as urnas já começaram a ser entregues nas regiões mais remotas do estado, pois, em algumas comunidades o TRE-AM terá dificuldade de fazer com que essas urnas cheguem aos locais de votação em 6 de outubro.

Lima disse ainda que, em alguns casos, as urnas serão levadas de carro, a municípios da região metropolitana de Manaus, por exemplo, onde há estradas.

Em outras situações, os equipamentos serão transportados em pequenas embarcações.

Abstenção

Outra preocupação levantada pelo governador do Amazonas foi a abstenção nas eleições, pelas dificuldades de acesso durante a seca.

“Lá, em São Gabriel da Cachoeira, por exemplo, que fica na divisa com a Venezuela e Roraima, região conhecida como Cabeça do Cachorro, os indígenas, para poder votar, saindo de suas comunidades, passam 20 dias remando para poder chegar até o local de votação. Então, é muito provável que esse tempo deva ser muito maior agora. Logo, é muito provável que essas pessoas não consigam chegar a tempo da votação”.

Foto: Diego Peres/Secom