Escritores itacoatiarenses exigem espaço à literatura regional nas escolas
Acadêmicos cobram valorização da literatura regional nas escolas durante roda de conversa com apoio da Lei Aldir Blanc.

Social Midia, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 17/06/2025 às 16:17 | Atualizado em: 17/06/2025 às 16:19
Escritores da Academia Itacoatiarense de Letras (AIL), fundada em 2009, reivindicam políticas públicas que incentivem a leitura e produção literária do município. Itacoatiara fica às margens do rio Amazonas, a 260 quilômetros de Manaus.
O apelo aconteceu durante roda de conversa e oficina de criação literária realizadas no sábado, 14 de junho, na sede da instituição, com a participação de escritores, professores e mediação do escritor Wilson Nogueira.
O evento foi patrocinado com fomento público da Política Nacional Aldir Blanc, coordenada pelo Ministério da Cultura.
Acadêmicos e professores disseram que, embora exista literatura local e regional, elas não estão presentes nas escolas do município.
Tanto os livros didáticos quanto os paradidáticos, em sua imensa maioria, são de autores publicados nas editoras do sul e sudeste do país.
“Precisamos mudar essa triste realidade. Os gestores públicos da educação devem levar em consideração os escritores locais, cuja base está fincada na história e no imaginário amazônicos”, disse o presidente da AIL, Salomão Barros.
O acadêmico e vice-presidente da AIL, Floriano Ferreira, autor de três livros com foco na linguagem e no imaginário do município, lamenta que a produção literária local não circule nas escolas.
“É na escola que temos os primeiros contatos com a leitura. Mas, é lamentável que os livros dos escritores locais não circulem no espaço escolar do município. É como se ela não fizesse parte da literatura brasileira”, disse Ferreira.
O sociólogo, bacharel em direito e escritor Éder Gama afirmou que a AIL tem o propósito de incentivar e promover a leitura e a literatura como fatores imprescindíveis ao desenvolvimento sociocultural de Itacoatiara.
“Literatura local e regional fortalecem os laços culturais das populações amazônicas com os de outras regiões do país. Não dá para falarmos em cultura nacional sem o reconhecimento das culturas locais”, disse Gama.
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Eventos
A AIL tem sede própria à avenida Conselheiro Rui Barbosa (centro), em prédio cedido pelo estado, no governo Omar Aziz (2010-2014).
O prédio, então sede do extinto Departamento de Estradas de Rodagem do Amazonas (DER-AM), estava abandonado e “habitado” por insetos e pequenos animais, principalmente cobras, ratos e morcegos.
Hoje abriga uma biblioteca, um museu de peças de cerâmica indígena, em fase de catalogação, e salas de estar e reunião.
Os gestores da AIL disseram que o espaço é hoje a referência do município para discussões acadêmicas, com a participação, também, de professores, alunos e leitores.
“Este é um espaço de encontro entre leitores e escritores do município. Outros, com a participação de confrades de outras cidades amazônicas, serão realizados ainda neste ano”, disse Barros.
Aproximação
O mediador da oficina e roda de conversa jornalista Wilson Nogueira, autor de seis livros publicados pela editora Valer, entre eles “Órfãos das águas” e “Andaluz”, disse que as academias e outras nomenclaturas representativas de escritores e leitores devem, sempre, apresentar suas ideias e propostas que celebrem o livro como um bem cultural indispensável ao bem-viver sejam elas de uma localidade, vilarejo, cidade, metrópole ou megalópole.
“Os livros nos salvam da miséria espiritual e nos transformam em pessoas e cidadãos mais humanos”, disse o escritor.
Foto: divulgação