Desmorona plano de Lava Jato de usar R$ 1,3 bilhão da Petrobrás

Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 12/03/2019 às 20:11 | Atualizado em: 12/03/2019 às 20:11

Desmoronou o plano do Ministério Público Federal (MPF) do Paraná de administrar R$ 1,3 bilhão oriundo da Petrobrás em uma fundação a ser criada por membros da força-tarefa da operação Lava Jato.

O MPF-PR anunciou ter suspendido a criação da fundação que usaria o dinheiro pago como multa pela Petrobrás nos Estados Unidos. As informações são do Congresso em Foco.

O recuo, segundo afirmou a força-tarefa da Lava Jato, ocorreu “diante do debate social sobre o destino dos recursos”.

A criação do fundo era parte de um acordo entre a Petrobrás e o MPF, que já havia sido homologado pela Justiça Federal do Paraná.

A suspensão da parceria também terá que receber o aval do Judiciário.

A Petrobrás aceitou, perante a Justiça dos Estados Unidos, pagar US$ 853,2 milhões (R$ 3,25 bilhões no câmbio atual) por conta da existência do esquema de corrupção investigado pela Lava Jato correr enquanto a estatal negociava suas ações na bolsa de Nova Iorque.

Em média, segundo o MPF, apenas 3% dos recursos nesse tipo de acordo retornam para o país de origem.

O órgão argumenta ter trabalhado para que as autoridades norte-americanas concordassem, nesse caso, que até 80% da multa fossem pagos ao Brasil, ou seja, US$ 682,5 milhões (hoje equivalentes a R$ 2,6 bilhões).

 Metade deste valor, conforme o acordo, seria revertido para ressarcir acionistas da Petrobrás.

A outra metade, segundo o documento, seria revertida em “investimento social em projetos, iniciativas e desenvolvimento institucional de entidades e redes de entidades idôneas, educativas ou não, que reforcem a luta da sociedade brasileira contra a corrupção”.

Assim que veio a público, porém, o acordo recebeu críticas, inclusive da magistratura.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello afirmou em entrevista ao UOL que a medida representava uma “Babel” no controle dos recursos estatais.

“Órgão público vive apenas do que previsto no orçamento aprovado pelo legislativo. A mesclagem do público com o privado não interessa ao Estado, não interessa à sociedade”, disse o ministro ao portal.

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Foto: Divulgação/MPF/arquivo