Amazonas lidera em área desmatada, diz Observatório
Segundo Observatório das Florestas Públicas, o estado lidera desmatamento de florestas públicas na Amazônia em 2025.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 05/06/2025 às 18:10 | Atualizado em: 05/06/2025 às 18:11
Dados divulgados nesta quinta-feira (5/6), Dia Mundial do Meio Ambiente, apontam que, de janeiro a abril deste ano, o Amazonas desmatou 12.433 hectares das áreas de florestas públicas não destinadas na Amazônia.
De acordo com o Observatório das Florestas Públicas, o estado registrou a maior área desmatada do total de 19.306 hectares derrubados nesse período.
Ao todo são 50,2 milhões de hectares — o equivalente ao estado da Bahia — que estão vulneráveis a crimes como grilagem, queimadas e extração ilegal de madeira.
Cerca de 80% de todo o desmatamento na Amazônia, no mesmo, período ocorreu em florestas públicas federais.
“O mês de abril chama atenção por um salto expressivo no desmatamento, com um aumento de 192% em relação a março, e 229% a mais do que no mesmo mês de 2024”, aponta o levantamento.
Sobreposição
O estudo revela ainda a sobreposição de áreas como outro problema, pois 32,7 milhões de hectares de registros no Cadastro Ambiental Rural (CAR) estão sobrepostos nas áreas de florestas públicas não destinadas.
O Observatório das Florestas Públicas diz que, nos últimos anos, a área de florestas públicas com sobreposição de CAR tem crescido de forma preocupante.
O Amazonas lidera o ranking, com 12,4 milhões de hectares CARs irregulares sobrepostos a florestas púbicas. São 1,8 milhões de hectares (14%) sobrepostos com as áreas federais e 10,6 milhões (86%) com as florestas estaduais.
Dentro dessa área, cerca de 10,2 milhões de hectares apresentam alto risco de grilagem, por estarem registrados no Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) com mais de 15 módulos fiscais — o que equivale, na prática, a áreas de pelo menos 600 hectares.
“Ou seja, não se trata de pequenos produtores, mas de grandes áreas registradas por pessoas com intensões de obter vantagens ilegais com a especulação de terras públicas, indicando fortes indícios de tentativa de apropriação ilegal de terras públicas”, diz.
“É fundamental que o processo de destinação dessas áreas seja concluído, com celeridade e respeito aos povos indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais que nelas vivem”, defendeu a entidade.
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Foto: EBC