Amazonas: suspeito de extorsão, delegado zomba de vítimas e pode voltar à prisão

O Ministério Público alega que o comportamento de Ericson desrespeita o processo judicial e pode influenciar negativamente as investigações em curso.

Diamantino Junior

Publicado em: 17/07/2024 às 22:42 | Atualizado em: 17/07/2024 às 22:42

Após publicar um vídeo polêmico com gestos obscenos e palavrões, o delegado Ericson de Souza Tavares enfrenta um novo pedido de prisão feito pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM), que já o havia acusado de extorsão em Manacapuru.

O delegado e três policiais civis foram soltos no mês passado, após uma decisão judicial.

Contudo, a publicação do vídeo, onde Tavares aparece “zombando” da situação, levou o MP a reconsiderar a necessidade de sua prisão.

“No vídeo, o paciente, além de cantar funk e usar palavrões, mostra o dedo do meio e zomba da situação que levou à sua prisão. A atitude do agente causou indignação entre os internautas, que consideraram a ação um desrespeito às investigações e às vítimas dos crimes de extorsão e sequestro pelos quais ele e outros policiais foram acusados”, destacou o MP.

Além de alegar que o delegado exerce grande influência e faz parte de uma “associação criminosa”, o MP argumenta que sua liberdade representa um risco à sociedade e à ordem pública.

“Não se pode ignorar o fato de que Ericson de Souza Tavares é delegado da Polícia Civil, o qual detém poder e influência inerentes ao cargo público. Tal circunstância somada à publicação de vídeo nas redes sociais, em que escarnece do Poder Judiciário, cria medo nas vítimas e frustração nos agentes públicos que procederam à prisão do ora paciente, temendo, inclusive, pelo êxito da sequência da investigação”, afirmou o Ministério.

A prisão dos agentes ocorreu em flagrante no dia 23 de março, após denúncias anônimas.

No total, 11 pessoas foram detidas, incluindo o delegado Ericson de Souza Tavares, titular do 6° Distrito Integrado de Polícia de Manaus.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, todos são suspeitos de extorsão mediante sequestro, associação criminosa, ameaça, entre outros crimes.

Além do delegado, três investigadores, cinco policiais militares (quatro cabos e um sargento) e dois civis foram implicados.

O caso ganhou notoriedade após a Polícia Militar relatar que três veículos estavam envolvidos em um suposto sequestro no bairro Correnteza, em Manacapuru.

Segundo testemunhas, a denúncia partiu da família das vítimas, que informaram que um grupo armado se apresentou como policiais e levou duas pessoas da residência.

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Quando os familiares não conseguiram localizá-los na delegacia, acionaram as autoridades.

As polícias Civil e Militar foram mobilizadas para investigar.

No final da tarde do dia 23 de março, os agentes interceptaram o carro com os policiais civis na estrada AM-352, em Manacapuru, enquanto os policiais militares foram presos em Novo Airão.

O MP também solicitou o afastamento do delegado de suas funções, reforçando a necessidade de manter a integridade das investigações e garantir a segurança pública.

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Foto: reprodução