Secas e incêndios reduzem CO₂ na Amazônia

Estudo aponta que fogo e seca diminuem a troca de CO₂ entre solo e atmosfera, agravando a degradação da floresta amazônica.

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Adrissia Pinheiro

Publicado em: 10/03/2025 às 16:40 | Atualizado em: 10/03/2025 às 16:48

A Amazônia está perdendo sua capacidade de armazenar carbono devido às secas intensas e incêndios frequentes. Um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), publicado nesta segunda-feira (10) na revista Forest Ecology and Management (Ecologia e Gerenciamento de Florestas, em tradução livre), analisou esses impactos.

Os pesquisadores constataram que o fogo reduziu o fluxo de carbono do solo em 18,7%, enquanto as secas provocaram uma queda de 17%. Essa interrupção no ciclo do carbono prejudica a troca de dióxido de carbono (CO₂) entre o solo e a atmosfera, afetando a regulação climática da floresta.

A pesquisa examinou como fogo e seca alteram a umidade do solo, a produtividade das raízes e o fluxo de CO₂ em uma floresta de transição na Amazônia.

Para isso, analisaram-se duas áreas: uma enfrentou seca severa e outra sofreu incêndios frequentes. O estudo ocorreu entre 2004 e 2010 na Estação de Pesquisa Tanguro, no Mato Grosso.

A estação faz parte da Amazônia Legal — região que também abrange Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Maranhão, Tocantins e Rondônia.

Embora incêndios naturais sejam raros na Amazônia, pesquisadores alertam que queimadas humanas se tornam mais destrutivas em períodos de seca intensa.

Consequentemente, isso aumenta a inflamabilidade da floresta e agrava seus impactos ambientais. Além disso, com as mudanças climáticas, episódios de seca severa tendem a ser mais frequentes.

Assim, o fogo torna-se ainda mais relevante na dinâmica da floresta.des

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Além do mais, a perda da capacidade de armazenamento de carbono tem consequências diretas para o ecossistema. Secas e incêndios reduzem a fotossíntese, aumentando a mortalidade de árvores e raízes já enfraquecidas pelo estresse hídrico. Sem energia suficiente, a floresta consome reservas antigas, tornando-se mais vulnerável a eventos extremos.

O pesquisador Leonardo Maracahipes-Santos, coordenador da estação de pesquisa, destacou que a frequência cada vez maior desses eventos impede a recuperação das florestas afetadas, resultando em sua degradação progressiva. Segundo ele, a vegetação perde gradualmente a capacidade de estocar carbono, precisando recorrer às reservas energéticas para sobreviver.

Por fim, o estudo conclui que incêndios recorrentes e secas extremas no sul da Amazônia alteram significativamente o ciclo do carbono. A queda na produção de matéria orgânica foi associada ao aumento da morte de árvores em áreas queimadas. Além disso, a redução da umidade do solo durante secas severas compromete a atividade biológica, restringindo ainda mais a liberação de CO₂ para a atmosfera.

Leia na íntegra no Ipam.

Foto: divulgação/PF