Chineses na economia do Amazonas é tendência dos próximos anos
Aproximação com o mercado chinês é importante e necessária ao desenvolvimento do polo industrial de Manaus.

Wilson Nogueira, especial para o BNC Amazonas
Publicado em: 11/02/2024 às 09:19 | Atualizado em: 11/02/2024 às 09:19
A presença de fábricas chinesas no polo industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM) e em lojas do centro da cidade apresenta-se hoje como tendência de novos investimentos na economia amazonense.
Indústria
No setor industrial, existem nove empresas em atividades. E já há mais 16 com projetos aprovados pelo Conselho de Administração da Superintendência da ZFM (CAS-Suframa), cuja função é definir diretrizes, planos, programas, projetos e ações a serem desenvolvidos na área de atuação da autarquia.
Comércio
O calçadão de compras a céu aberto do centro histórico de Manaus abriga ao menos cinquenta lojas pertencentes a empresários chineses.
Em resposta a perguntas do BNC Amazonas, a Suframa, autarquia que administra e controla os incentivos fiscais concedidos às empresas estabelecidas no polo industrial, explica que o investimento chinês no Amazonas se relaciona com a disponibilidade de recursos e com a visão das oportunidades tributárias oferecidas pela ZFM.
No ano passado, o produto interno bruto (PIB) da China cresceu 5,2%. Isso significa algo em torno de R$ 87,4 trilhões acima da taxa de 5% prevista pelo governo daquele país.
Há décadas crescendo, a economia chinesa é uma das mais robustas do mundo.
“Os empresários chineses são atraídos pelo diferencial competitivo para atingir o mercado brasileiro, que é amplo e que demanda produtos fabricados pela China”, explica a Suframa.
O investimento só não é maior, em razão “do complexo sistema tributário brasileiro e suas respectivas obrigações acessórias”, avalia.


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Informais
A autarquia explica que esses são os dados disponíveis, sugerindo que podem existir outros ainda não autorizados.
“Essas são as informações que levantamos e podemos divulgar sobre a questão da participação chinesa na ZFM, tanto em razão da Lei Geral de Proteção de Dados, quanto das limitações do sistema da autarquia para esse tipo de detalhamento”, justifica.
Os japoneses
Hoje, a liderança no polo industrial amazonense, por fábricas instaladas, é do Japão. Os japoneses possuem ao menos 50 unidades. Essas geram 15 mil empregos diretos.
Diante do tamanho do polo industrial do Amazonas, hoje com cerca de 500 fábricas, a participação chinesa ainda é tímida, porém, promissora.
Missão do AM à China
Foi para explorar esse ambiente favorável que governador Wilson Lima, empresários e técnicos da Suframa viajaram até a China, no começo na primeira quinzena de janeiro.
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Parceiros
“Essa aproximação com o mercado chinês é importante e necessária ao desenvolvimento do polo industrial de Manaus. Falamos de um país que, hoje, desponta como líder mundial em diversos segmentos. O objetivo é enxergá-los como parceiros e não concorrentes”, avalia o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva.
“Atualmente, temos nove empresas com participação de investimentos líquidos chineses. Elas geram cerca de cinco mil empregos diretos”, afirma o líder empresarial.
Para Antônio Silva, mercado chinês é altamente competitivo e, por isso, “essa busca das empresas chinesas por mercados potenciais deve ser uma tendência para os próximos anos”.

Antônio Silva, presidente da Fieam
Fornecedores de insumos
Ao mesmo tempo, o empresário pontua que a China já é um dos principais fornecedores de insumos para a indústria da ZFM há alguns anos, principalmente de componentes eletrônicos de alto valor agregado.
“Seria oportuno que, observada essa tendência, empresas de capital chinês se instalassem localmente, oportunizando emprego e renda, além da verticalização da produção e melhoria dos custos logísticos”, disse.
Ainda segundo ele, a segurança jurídica e previsibilidade econômica são fatores fundamentais no intuito de promover o nosso modelo e consolidar essa parceria.
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Calçadão
No antigo calçadão da ZFM, é visível o ressurgimento de lojas de variedades. Este é o segmento que atrai consumidores à procura de preços mais baixos, se comparados aos praticados nos shopping centers.
O centro de compras a céu aberto compreende quadrilátero formado pelas avenidas Eduardo Ribeiro, Getúlio Vargas, 7 de Setembro e Floriano Peixoto.
Parte desse comércio é tocado hoje pelos chineses. Agora eles dividem espaço com os comerciantes que restaram da época de ouro do livre comércio, nas décadas de 1970, 1980 e 1990.
Era Collor de Mello
Desde a abertura do mercado brasileira à economia internacional, no governo Collor de Mello (1990-1992), o calçadão, assim chamado porque tem suas ruas livres da circulação de carros, entrou em declínio.
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Novos ares
Com a chegada dos lojistas chineses, espaço respira novos ares, com suas calçadas novamente ocupadas por consumidores e comerciantes em busca de preços baixos.
Uma das novidades da maioria das lojas de chineses vende no varejo e atacado, e assim atendem a camelos, o comércio de bairros e outras cidades amazonenses.
Fotos: Wilson Nogueira/especial cedidas ao BNC Amazonas – foto-destaque: Marcelo Camargo/Agência Brasil