Amazônia: projeto gera crédito de carbono por reflorestar, e não por evitar desmatar

Petrobrás lança programa ProFloresta+ com BNDES que vai priorizar reflorestamento na Amazônia para geração de créditos de carbono

Diamantino Junior

Publicado em: 13/04/2025 às 17:05 | Atualizado em: 13/04/2025 às 17:06

A Petrobrás está redefinindo sua estratégia no mercado de créditos de carbono e, após uma primeira experiência baseada na lógica de “desmatamento evitado”, agora prioriza iniciativas voltadas à restauração de áreas degradadas da Amazônia.

A mudança marca uma transição significativa na forma como a estatal pretende compensar suas emissões de gases de efeito estufa, colocando o reflorestamento no centro de sua política ambiental.

Em 2023, a Petrobrás adquiriu 175 mil créditos de carbono vinculados ao projeto Envira Amazônia, localizado em Feijó, no Acre, com a promessa de preservar 570 hectares de floresta.

A iniciativa permitiu à empresa lançar uma gasolina com “carbono neutro”, baseada na lógica de que a preservação florestal compensaria as emissões de CO2.

No entanto, surgiram críticas e questionamentos sobre a eficácia e integridade do projeto.

Investigações jornalísticas apontaram crescimento do desmatamento na área, falhas na metodologia usada para calcular os créditos e até disputas sobre a posse da terra, onde famílias de seringueiros vivem há gerações.

Diante dessas controvérsias, a Petrobrás passou a priorizar projetos que promovem o reflorestamento efetivo, em vez da alegação de evitar o desmate.

No último dia 31, a estatal e o BNDES lançaram o programa ProFloresta+, que prevê a recuperação de até 50 mil hectares de áreas degradadas e a geração de até 15 milhões de créditos de carbono — o equivalente à absorção de CO2 emitido por cerca de 9 milhões de carros a gasolina por ano.

O ProFloresta+ terá seu primeiro edital voltado à compra de até 5 milhões de créditos de carbono.

Os projetos de reflorestamento serão financiados pelo BNDES, e a Petrobrás garantirá a compra dos créditos por meio de contratos de longo prazo e preços definidos por licitação.

Diferente do contrato anterior, esse novo processo é público e transparente, com consulta aberta à sociedade.

Apesar do novo direcionamento, a estatal não descarta futuras aquisições pelo modelo de desmatamento evitado.

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Em nota, destacou que os dois modelos são válidos e que “ambos contribuem para a restauração e preservação das florestas”, desde que respeitem padrões internacionais de certificação.

Com previsão de investimento de US$ 120 milhões até 2027 em créditos de carbono, a Petrobrás sinaliza um esforço para alinhar sua atuação à agenda de transição energética e responsabilidade ambiental, colocando a Amazônia no foco das ações de compensação climática com impactos mais tangíveis e verificáveis.

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil