Capuchinho anuncia museu de artes sacras no casarão de J.G. Araújo
O prédio se destaca entre os demais históricos do entorno do Teatro Amazonas e da Praça de São Sebastião

Neuton Correa, Wilson Nogueira
Publicado em: 14/04/2025 às 04:49 | Atualizado em: 14/04/2025 às 09:56
O pároco da Igreja de São Sebastião, frei Paulo Xavier, revelou neste fim de semana que Manaus, em breve, terá um museu de artes sacras. Ele funcionará no casarão que pertenceu ao empresário português Joaquim Gonçalves de Araújo, o J.G. Araújo. O local é na esquina das ruas Costa Azevedo e Marçal Ferreira, no largo de São Sebastião.
Relíquias sacras
O futuro museu abrigará relíquias sacras e históricas que estão no repositório da paróquia dos capuchinhos. Nele estão documentos, imagens e objetos que ilustram as áreas internas e externas da Igreja. As peças que não devem sair da igreja serão mostradas ao público em fotografias e vídeos-filmes de alta resolução.
Frei Paulo disse que o diálogo entre a Igreja, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e os herdeiros de J.G. Araujo estão bem adiantados. “Já avançamos em ao menos 90%. Esse processo deve se encerrar até o final deste ano”, disse o pároco.
O que ainda falta, segundo ele, é o Iphan encerrar a burocracia que avaliza a garantia de que o casarão, que é tombado como patrimônio histórico nacional, terá preservação e conservação pelos capuchinhos.
“A referência da Igreja de São Sebastião de Manaus é histórica e o resgate da arte sacra é uma grande oportunidade de preservar o legado dos frades que por aqui passaram há mais de cem anos”.
Os capuchinhos também atuam no alto Solimões.
Casarão
O hoje Casarão de J.G. Araujo, obra do período da economia da borracha (1879-1920), é de quando Manaus servia de entreposto para a descida do látex da seringueira para Belém (PA) e Europa. Por isso, o próprio casarão é uma relíquia da arquitetura colonial europeia no Amazonas.
Não há data precisa da sua construção, mas é certo que o empresário o habitou até 1940, ano em que faleceu. O prédio, de 16 metros de frente e 35 metros de fundo, se destaca entre os demais históricos do entorno do Teatro Amazonas e da Praça de São Sebastião.
Roda de conversa
O assunto, por iniciativa do frei Paulo, foi tema da Roda de Conversa da Valer Teatro, cujo convidado, médico cardiologista e presidente da Academia Amazonense de Letras (AAL), Aristóteles Alencar, expôs o tema Contemplando a beleza dos monumentos – largo de São Sebastião.
“O projeto dos capuchinhos é importantíssimo. Em Belém já existe um museu de artes sacras. Aqui, a Igreja de São Sebastião tem o melhor acervo pictórico da região Norte”.
Alencar é autor do livro Beleza decifrada (Valer), uma investigação da arquitetura e do simbolismo latentes e manifestos dos monumentos de Manaus. Os destaques são Teatro Amazonas, Igreja de São Sebastião, Palácio da Justiça e o monumento da Abertura dos Portos da Amazônia à Navegação Estrangeira.
Foto: Wilson Nogueira/especial para o BNC Amazonas