Bebê indígena baré, após 2 cirurgias no útero e 4 paradas cardíacas, tem alta em Manaus
Com apoio da telemedicina e equipe da Maternidade Ana Braga, bebê indígena Eloá sobrevive a gestação de risco e recebe alta após dois meses.

Diamantino Junior
Publicado em: 08/04/2025 às 14:33 | Atualizado em: 08/04/2025 às 14:37
Procedimento inédito na rede pública estadual garantiu a sobrevivência da prematura Eloá, de São Gabriel da Cachoeira.
Após dois meses de internação, a pequena Eloá, bebê indígena da etnia Baré, que nasceu prematura e recebeu duas transfusões sanguíneas intrauterinas ainda no ventre materno, teve alta da maternidade Ana Braga, da Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM), em Manaus.
O procedimento considerado de alta complexidade foi realizado de forma inédita na rede pública estadual e garantiu a sobrevivência de mãe e filha.
Eloá nasceu no dia 8 de fevereiro, de parto cesáreo, após a mãe, Daniela Tavares, enfrentar uma gestação de alto risco devido à incompatibilidade sanguínea entre ambas.
A paciente, de São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus), foi identificada por meio do programa de Telemonitoramento de Pré-Natal de Alto Risco.
O programa, de telemedicina, é realizado em parceria da SES-AM, Universidade do Amazonas (Ufam) e Ministério da Saúde, com foco em áreas remotas do estado.
A secretária de Saúde, Nayara Maksoud, destaca a importância do programa na redução da mortalidade materna no Amazonas.
Segundo ela, desde 2024, houve uma queda histórica de 49% nos índices, resultado do aprimoramento da assistência às gestantes de alto risco e do acesso à telemedicina.
“A nossa Maternidade Ana Braga, somada ao cuidado multidisciplinar e à expertise dos nossos profissionais do estado, realizou esse procedimento inédito que salvou a vida dessa família. Isso mostra a força do sistema de saúde do Amazonas, que enfrentou barreiras geográficas e realizou, com muita precisão e cuidado, tanto o procedimento quanto o acompanhamento. Isso mostra o quanto podemos avançar e fortalecer cada vez mais o SUS”.
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Tratamento e recuperação
Após o tratamento na UTI, Eloá ganhou peso, passando de 2,265 kg para 2,620 kg. De acordo com o diretor da maternidade, Edilson Albuquerque, a bebê já realiza sessões do método canguru, que auxilia na amamentação e favorece o vínculo entre mãe e filha, o que contribuiu para alta definitiva da maternidade.
“Foi um verdadeiro milagre, pois ela passou por mais de quatro paradas cardíacas e dias intensos na UTI. Agora, em casa, segue em recuperação e fortalecimento”.
O médico obstetra Carlos Henrique Esteves Freire, da Ufam e que integra o programa, foi quem identificou o caso da paciente.
Com uma equipe, indicou a transferência para Manaus. “Foi um trabalho em equipe, que envolveu diferentes especialidades para garantir que tanto a mãe quanto o bebê tivessem o melhor atendimento possível”.
Daniela Tavares, emocionada, comemorou a vida da filha e ressaltou que a maternidade foi fundamental na recuperação e não desistiu em nenhum momento do bem-estar da pequena e da família.
“Eu acredito no SUS, eles fizeram o possível e o impossível, a minha filha é a prova viva disso. Desde a barriga, a maternidade Ana Braga foi um instrumento de recuperação. Uma bebê que estava em estado gravíssimo, teve várias paradas cardíacas e mesmo assim, os profissionais nunca desistiram. Na minha gestação, também fizeram de tudo, e no meu parto, se empenharam para garantir o melhor para mim e para a minha filha”.
Foto: Evandro Seixas/Secom
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