Arco do desmatamento na Amazônia alcança AM, diz ambientalista
O Amazonas registrava 37% de aumento em 2018 e 2019, segundo a Sema-AM. Já em 2020 teve aumento de 6%, em relação a 2019.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 03/12/2020 às 19:11 | Atualizado em: 04/12/2020 às 15:30
O arco do desmatamento na Amazônia está chegando ao Amazonas, o terceiro estado com maior taxa de destruição da floresta. A observação é do coordenador do Observatório do Clima, Márcio Astrini.
Sua avaliação é com base nos dados sobre o desmatamento divulgado, nesta semana, pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpe).
Leia mais
Pesquisadores mineiros alertam e defendem: não asfaltem a BR-319
O Pará foi o estado com maior taxa de desmatamento (46,8%), seguido do Mato Grosso (15,9%), Amazonas (13,7%) e Rondônia (11,4%).
“O arco do desmatamento vinha pelo Pará, Rondônia e Mato Grosso, mas agora está chegando ao Amazonas”. A afirmação do ambientalista foi dada à emissora alemã Deutsche Welle.
Para ele, isso acontece por ações governamentais como a repavimentação da BR-319 (na foto, trecho da rodovia no arco do desmatamento).
São ações que vão impulsionar cada vez mais o desmatamento, pois criam expectativas de ocupação da área.
“Algumas áreas estavam, até então, isoladas e agora vão ter capacidade de entrar no arco do desmatamento”, avaliou.
Márcio Astrini explicou que o contingente do desmatamento estava concentrado em Rondônia, Mato Grosso e Pará. No entanto, encontra, agora, no Amazonas o mesmo terreno fértil para crimes ambientais que nos outros estados.
Leia mais:
Operação embarga mais de 3,7 mil hectares de terras no sul do Amazonas
“Já tem alguns anos que o Amazonas vem apresentando dados perigosos, como aumento de desmatamento e de violência no campo”, disse ele.
E Astrini prosseguiu: “Hoje, é muito nítido o aumento de todos os indicadores ligados ao desmatamento no estado”.
De acordo com ele, a situação causa preocupação, “porque é um estado muito grande e não se vê resistência por parte do governo federal ou do estadual para impedir esse avanço”.
Na avaliação dele, os números do desmatamento colocam o Amazonas em um cenário muito semelhante ao dos estados que já fazem parte do arco do desmatamento.
Além do desmatamento, o Amazonas também é o terceiro na região entre os maiores emissores de CO2, o gás do efeito estufa. O estado também consta na terceira posição em números de queimadas.
Os municípios amazonenses de Lábrea, Apuí e Novo Aripuanã estão entre os dez do Brasil que mais queimaram este ano.
Leia mais:
“O Amazonas não figurava entre as três unidades da federação com maior número de queimadas da região desde 2013”, lembrou a DW.
Sema
Em resposta a emissora alemã, a Sema-AM (Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amazonas) disse que “apesar da alta dos índices de desmatamento, dados do Prodes indicam um cenário de desaceleração da curva de crescimento”.
De acordo com a Sema, nos anos de 2018 a 2019, o Amazonas registrava 37% de aumento, e que em 2020 só teve aumento de 6%, em relação ao ano anterior.
“Desta forma, o governo do Amazonas segue dentro da expectativa de metas previstas no Plano de Prevenção e Controle ao Desmatamento e Queimadas (PPCDQ-AM), lançado em junho deste ano para orientar as ações de combate do estado”, diz nota da Sema.
A expectativa do órgão é que, até o final de 2022, o Amazonas reduza os índices de desmatamento em 15%, em relação ao ano de 2019.
Foto: Idesam/arquivo