Anuário da segurança: AM possui alta taxa de assassinatos de mulheres

Número de mortes está acima da média nacional e a taxa de feminicídios cresceu expressivamente.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 26/07/2025 às 10:25 | Atualizado em: 26/07/2025 às 10:25

A 19ª Edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela que o Amazonas possui uma das mais altas taxas de homicídios de mulheres. São 3,6 mortes por 100 mil mulheres, ou seja, acima da média nacional que é de 3,4 para 100mil.

Os estados mais violentos contra as mulheres são Ceará (6,5), Mato Grosso (5,3) e Pernambuco (5,2). Os três com as menores taxas, por sua vez, foram Amapá (1,5), São Paulo (1,8) e Sergipe (1,9).

Embora no Amazonas a taxa de homicídios femininos seja elevada, o que corresponde a 77 vítimas em 2024 contra 103 em 2023 (-26%), a proporção de feminicídios em relação aos homicídios ainda é baixa no histórico recente.

Apesar de ter havido um aumento expressivo de 68,7% nessa proporção entre 2023 e 2024, por cinco anos o Amazonas figurou entre os estados com os menores índices de reconhecimento do feminicídio (mortes de mulheres pelo fato de serem mulheres).

No Estado, desde que esse tipo penal foi incorporado ao Código Penal em 2015, o auge desse baixo reconhecimento foi em 2018, quando somente 4,2% dos homicídios femininos foram registrados como feminicídio.

Números

Mesmo assim, os números são preocupantes: entre 2023 a 2024 houve aumento de feminicídio em termos absoluto de 23 para 29, crescimento de 25,9%.

Nesse mesmo período, também aumentou de 22,3% para 37,7% a proporção de feminicídio em relação aos homicídios de mulheres.

Quando se avalia a tentativa do cometimento do crime, a situação é ainda pior. Em números absolutos, entre 2023 a 2024, aumentou de 105 para 175 o número de casos (65,1%).

No período avaliado são maiores também a lesão corporal que em números absolutos cresceu de 4.200 ocorrências para 4.967.

As ameaças contra as mulheres seguiram a mesma tendência: 16.430 para 18.858.

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Pesquisa

No documento divulgado nesta quinta-feira (24), constata-se que, mesmo com a queda de homicídios dolosos envolvendo ambos os sexos, o Brasil tem pouco a comemorar: 3.700 mulheres perderam as suas vidas de forma violenta em 2024.

Dessas, 1.492 foram mortas pelo feminicídio, ou seja, em razão de serem mulheres. Isso corresponde, em 2024, a uma taxa de 3,4 homicídios femininos por grupo de 100 mil mulheres, e a uma taxa de 1,4 feminicídios pelo mesmo grupo populacional.

Os dados publicados evidenciam esse fenômeno: houve uma alta de 0,7% na taxa de feminicídios em 2024 em comparação a 2023.

Esse crescimento, mesmo que não tão expressivo em termos relativos, se dá em um contexto de redução geral das mortes violentas.

Foto: divulgação