Anderson Nascimento, grande ator roraimense, morre aos 53 anos
O ator sofreu um acidente de motocicleta e teve morte cerebral confirmada na manhã deste 11 de dezembro.

Por Dassuem Nogueira, da Redação do BNC Amazonas, e Paulo Trindade*
Publicado em: 11/12/2024 às 17:32 | Atualizado em: 11/12/2024 às 17:32
Anderson Nascimento morreu aos 53 anos nesta quarta-feira (11), em Boa Vista, capital de Roraima. “É com uma dor imensa que comunicamos a partida de Anderson Nascimento, nosso irmão e parceiro de vida aqui no Usina Cultura e Cia Arteatro”, diz o comunicado publicado pela equipe de comunicação da Associação Roraimense de Artes e Promoções Artísticas.
Anderson possui uma grande contribuição para as artes cênicas brasileira. Um dos grandes expoentes da dramaturgia roraimense, atuando em teatro e cinema.
Além de ativista da arte como instrumento social, esteve envolvido em iniciativas que permitiam o acesso ao teatro por pessoas menos favorecidas, levando espetáculos para escolas públicas, terreiros, quintais, ruas, aldeias e periferias.

Participou em sua trajetória recente do curta-metragem “A inacreditável história do milho gigante”, dirigido por Aldenor Pimentel e do espetáculo do gênero comédia, drama e suspense “Rasga Mortalha”, com a direção de Hander Frank.
Foi na Companhia Arteatro e Usina Cultura, com mais de três décadas em funcionamento, que o ator apresentou a grandiosidade de seu trabalho.
Participou de montagens teatrais dirigidas por Márcio Sergino como “A bruxinha que era boa”, “Faustino”, “O santo inquérito”, “A última estação”.
“Gotas de saberes”, com direção de Márcio Sergino, levou contos indígenas para vários lugares.
“O espetáculo foi surgindo com todos esses elementos, com a nossa identificação, principalmente, nesses personagens. É uma contação que tem muito das nossas vivências, da nossa infância. Eu fui criança no Surumu, a Silmara foi criança na Raposa Serra do Sol, então foi muito assim”, disse Anderson durante uma entrevista.
A montagem foi indicada para quatro categorias na Mostra Jurupari, no 16⁰ Festival de Teatro da Amazônia, em Manaus.
Foi indicada nas categorias Melhor Maquiagem e Melhor Dramaturgia. Venceu em duas categorias, Melhor Espetáculo e reconhecendo Anderson Nascimento como Melhor Ator (2022).
Em 2024 o espetáculo “Gotas de saberes” integrado ao projeto “Entre Brasis”, que reúne a Cia Arteatro, de Roraima, e o Grupo Baquetá, do Paraná, foi premiado na categoria infanto-juvenil do Prêmio Leda Maria Martins de Artes Cênicas Negras. A cerimônia ocorreu no final de novembro no Conservatório da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte.
Nascimento nos brindou ao protagonizar o espetáculo infantil “O boi Blimundo”, dirigido por Kleber Lourenço e preparação vocal de Babaya Morais, inspirado em um conto popular africano de Cabo Verde, entrelaçado às manifestações de culturas populares afro-brasileiras. O projeto foi fomentado pelo Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas – Espaços Artísticos.

*Artista amigo de Anderson Nascimento .
Foto: divulgação