Amazônia: revelações da iniciação de um pajé da cura na floresta
‘A cura está na floresta’. É o que mostra o relato de uma iniciação.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 29/12/2024 às 19:15 | Atualizado em: 29/12/2024 às 19:17
A Amazônia é uma região onde a cura está na floresta e os pajés são guardiões de tradições milenares, intrinsecamente ligadas à preservação da floresta.
Ou seja, por meio do uso de ervas medicinais e da conexão com os espíritos da floresta.
Por exemplo, Xinã Yura, é um indígena em iniciação para se tornar um pajé do povo Yawanawá, um território indígena no Acre, Norte do Brasil.
Conforme o site ICL, Xinã Yurá nasceu em 1991 na Terra Indígena Rio Gregório, mesmo ano em que ela foi demarcada pelo governo federal.
A data marcou uma virada no destino dos povos locais, que sofreram décadas de impactos de indústrias extrativistas, obras de infraestrutura e intolerância religiosa.
Na década de 1970, os pais de Xinã e vários outros de seus parentes trabalharam em situação análoga à escravidão, extraindo o látex de seringueiras e cauchos para a produção de borracha.
“O pai do Xinã começou a trabalhar no seringal com 12 anos”, disse Shaneini Yawanawá, mãe de Xinã, enquanto preparava o café da manhã à base de banana-verde e ovos. “Ele saía às duas da madrugada com a poranga (lamparina) e voltava às quatro da tarde”.
A medicina da floresta naquela região, baseada na tríade oni (ayahuasca, bebida a partir de um cipó amazônico), kapum (veneno do sapo-kambô) e rome (rapé, um pó feito a partir de plantas medicinais e tabaco), foi proibida pelos missionários.
“O povo parou de tomar a medicina da floresta”, disse Shaneini. “Quando ficávamos doentes, não nos davam remédios até que pedíssemos em português”.
Nas tradições Noke Kuin e Yawanawá, só homens idosos se tornavam pajés. Mas desde a retomada, as tias de Xinã, Raimunda Putani e Hushahu, tomaram a iniciativa de se tornarem pajés.
Ambas seguiram rigorosas dietas espirituais e, depois, também ajudaram a guiar Xinã em seus primeiros passos nesse universo.
“Quando eu tinha uns 16 anos, minha tia [Hushahu] me perguntou se eu queria tomar oni”, lembrou Xinã. “Eu tomei um pouco e vi tudo mudando”.
Leia mais e conheça a história completa no ICL.
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Foto: Victor Moriyama/Dialogue Earth