Amazônia: população de botos cai pela metade a cada década

Bióloga aponta pesca, garimpo e hidrelétricas como principais ameaças e lidera trabalho para frear esse declínio.

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Adrissia Pinheiro

Publicado em: 08/02/2025 às 11:03 | Atualizado em: 08/02/2025 às 11:21

Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) revela que as populações de botos-cor-de-rosa e tucuxi estão caindo pela metade a cada década. Apesar de habitarem outros países, como Colômbia e Peru, as ameaças cumulativas colocam essas espécies em risco. A bióloga Mariana Frias, do World Wide Fund for Nature (WWF-Brasil), dedica sua carreira a reverter esse cenário.

Natural de Juiz de Fora, Mariana sempre se encantou pelos botos. Sua trajetória começou na UniAcademia, com estágios no Instituto Mamirauá, onde trabalhou com peixes-boi e educação ambiental. No mestrado e doutorado em Ecologia na UFJF, focou nos botos, estudando a interação turística e a percepção das comunidades locais. Hoje, integra a South American River Dolphins Initiative (Sardi).

Segundo Mariana, três ameaças principais afetam os botos: pesca, garimpo e hidrelétricas. A pesca, tanto industrial quanto artesanal, causa mortes acidentais em redes (bycatch).

O garimpo contamina os rios com mercúrio, prejudicando a saúde dos animais. Já as hidrelétricas fragmentam habitats, reduzindo a diversidade genética e os estoques de peixes, principal alimento dos botos.

As mudanças climáticas agravam a situação. Em 2023, mais de 330 animais morreram no lago de Tefé devido ao calor extremo, um marco trágico. Mariana alerta que a conservação dos botos é crucial para proteger não só a biodiversidade, mas também as comunidades ribeirinhas e quilombolas que dependem dos rios amazônicos.

No WWF, Mariana promove estratégias como o uso de pingers, dispositivos que emitem sons para afastar botos das redes de pesca, reduzindo em 40% as interações negativas. Também lidera iniciativas de monitoramento remoto e capacitação local, valorizando o conhecimento das comunidades.

“A conservação deve ser participativa”. Para ela, cada boto avistado é um lembrete da magia da natureza e da urgência de protegê-la.

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Foto: divulgação