Amazônia: pesquisa na Nature aponta impacto do desmatamento nas chuvas
A seca severa que atingiu a Amazônia entre 2023 e 2024 agravou ainda mais a situação.

Adrissia Pinheiro
Publicado em: 06/03/2025 às 08:22 | Atualizado em: 06/03/2025 às 08:39
A pesquisa publicada na revista Nature nesta quarta-feira (5) revela que o desmatamento na Amazônia impacta diretamente o regime de chuvas da região. Durante a estação chuvosa, há mais precipitação sobre áreas desmatadas, enquanto na estação seca, quando a floresta mais precisa de umidade, as chuvas diminuem em uma região mais ampla.
O estudo utilizou dados de satélite e simulações climáticas para analisar os efeitos do desmatamento entre 2000 e 2020. Os pesquisadores, baseados na China e na Tailândia, concluíram que a perda de árvores altera a dinâmica da umidade, ameaçando a biodiversidade e a agricultura local.
A redução das chuvas na estação seca compromete a disponibilidade de água, enquanto o aumento das precipitações no período chuvoso pode intensificar enchentes e prejudicar plantações.
A destruição da floresta, impulsionada principalmente pela expansão agrícola e mineração, também compromete sua capacidade de absorver dióxido de carbono, agravando as mudanças climáticas.
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O estudo alerta que o desmatamento contínuo pode levar a uma queda significativa na precipitação total, aumentando o risco de secas, incêndios florestais e degradação do solo.
O professor Wim Thiery, da Vrije Universiteit, destacou que a pesquisa ajuda a entender se a Amazônia está próxima de um “ponto de inflexão”. Esse fenômeno poderia transformar a floresta em savana, alterando radicalmente seu ecossistema e liberando grandes quantidades de carbono na atmosfera.
Um estudo anterior, também na Nature, estimou que até 2050, entre 10% e 47% da Amazônia pode sofrer com aquecimento global e desmatamento. Esse cenário elevaria as temperaturas e intensificaria os efeitos das mudanças climáticas no planeta, agravando a crise ambiental.
Além disso, a seca severa de 2023-2024, impulsionada pelo El Niño e mudanças climáticas, favoreceu incêndios florestais recordes na região. Apesar dos compromissos de acabar com o desmatamento até 2030, a destruição da floresta continua, segundo o relatório Forest Declaration Assessment 2024.
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Foto: Agência Brasil