Amazônia: no Tapajós, descobertos dois peixes cascudos e perigosos

Pesquisadores afirmam que toxina que eles emitem mata outros peixes e causa problema ao homem.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 23/04/2025 às 13:39 | Atualizado em: 23/04/2025 às 13:49

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) identificaram dois peixes cascudos inéditos e altamente tóxicos na bacia do rio Tapajós, entre o Pará e o Amazonas. A fim de registrar a descoberta, eles descreveram as espécies, chamadas Hoplisoma noxium e Hoplisoma tenebrosum, da subfamília Corydoradinae, em um artigo na revista Neotropical Ichthyology.

Segundo relatos de piabeiros, coletores ribeirinhos de peixes ornamentais, os espinhos desses animais causam dor intensa, inchaço e vermelhidão em humanos.

Ainda mais alarmante, a toxina que liberam pode matar outros peixes em recipientes compartilhados, turvando a água e produzindo espuma.

Diante dessas observações, Luiz Fernando Caserta Tencatt, pesquisador da UFMT e um dos autores do estudo, destaca a importância do conhecimento tradicional. Para ele, essas informações foram essenciais para compreender as peculiaridades dessas novas espécies.

Nesse contexto, a pesquisa também propôs uma revisão sobre o uso do formato do focinho dos cascudos como critério para classificar as relações evolutivas entre os Corydoradinae.

De acordo com os cientistas, a estrutura do osso mesetimoide, presente na cabeça dos peixes, revelou que formas similares de focinho surgiram por convergência adaptativa — ou seja, evoluíram de forma independente em diferentes gêneros.

Paralelamente, uma expedição reuniu aquaristas de diversos países, interessados na biodiversidade amazônica, que bancaram o projeto de forma coletiva.

Durante as atividades, a equipe coletou os espécimes em áreas próximas a Jacareacanga (PA) e Maués (AM).

Agora, os pesquisadores estudam os efeitos da toxina desses cascudos e buscam entender se outras espécies do grupo possuem mecanismos de defesa semelhantes.

Além disso, a descoberta reforça o valor da ciência em diálogo com o saber local e o apoio social à pesquisa.

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Foto: divulgação/Agência Bori