Amazônia: facção tira ouro e cassiterita da terra ianomâmi há dez anos
Em Roraima, crime organizado só não domina um município.

Adrissia Pinheiro
Publicado em: 21/12/2024 às 20:54 | Atualizado em: 21/12/2024 às 20:54
Há uma década, facções criminosas, lideradas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), extraem ouro e cassiterita da Terra Indígena Yanomami. Essa atividade é o narcogarimpo.
O narcogarimpo combina garimpo ilegal e tráfico de drogas, transformando o maior território indígena do Brasil em um centro estratégico para o crime organizado.
De difícil acesso, a região enfrenta conflitos violentos e o avanço de facções como o PCC e o Comando Vermelho. Contudo, o PCC domina as principais rotas.
O PCC controla rotas importantes, como o rio Uraricoera. Pesquisadores identificaram que a facção começou a atuar na área em 2015, quando Sandro Moraes consolidou o controle.
Sandro, conhecido como “Presidente”, iniciou sua ascensão no garimpo e no tráfico de drogas. Segundo um narcogarimpeiro entrevistado pelo G1, o controle do PCC se consolidou rapidamente.
“Eles levantavam a voz, e os outros garimpeiros perguntavam: ‘Quem são esses loucos?’”, relatou um entrevistado, descrevendo o início do poder do grupo.
Além de controlar garimpos, o PCC utiliza ouro como moeda para o tráfico e explora o mercado sexual. Eles também coagem garimpeiros vulneráveis a integrar suas operações.
“Ah, você tá rodado aí, sem dinheiro, sem família, vem que a gente cuida de você”, relatou outro entrevistado sobre a estratégia de cooptação usada pela facção.
Apesar das operações policiais intensificadas em 2023, os criminosos resistem e adaptam suas atividades, explorando o território durante a noite para evitar fiscalização.
A pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública destaca que facções criminosas atuam em quase todos os municípios de Roraima, exceto Uiramutã.
A Terra Yanomami, com sua posição estratégica e ausência de fiscalização efetiva, continua sendo um espaço privilegiado para atividades ilícitas.
Portanto, especialistas alertam que o controle do território exige medidas estruturais, como maior vigilância nas fronteiras e investimentos em segurança pública para evitar o avanço do crime organizado.
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A matéria é do G1. Leia na íntegra.
Foto: divulgação