Amazônia: cacique ganha prêmio por empreender e conservar meio ambiente

Katia Silene Tonkyre é a primeira mulher cacique da aldeia Akratikatejé, situada no Pará

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas*

Publicado em: 30/01/2024 às 06:29 | Atualizado em: 30/01/2024 às 06:29

A indígena Katia Silene Tonkyre, cacique da aldeia Akratikatejé (PA), ganhará prêmio por suas iniciativas de organização e empenho para empreender, coletar e produzir.

Da mesma forma, a premiação vale por ela educar e conscientizar sobre a importância da conservação e da proteção do meio ambiente na Amazônia. Como informa a Agência Brasil.

Assim, o prêmio deverá ser entregue em abril, pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em evento na Costa Rica, sede do IICA.

Katia receberá o prêmio A Alma da Ruralidade, além de ser convidada pelo IICA a participar de diversas instâncias consultivas do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural.

A indígena é líder de uma aldeia na qual vivem 85 indígenas de 23 famílias da etnia Gavião da Montanha, dedicadas principalmente à coleta, produção e venda de castanhas e de pescado, mel e frutas,

Trata-se de um reconhecimento aos que cumprem um duplo papel insubstituível: ser avalistas da segurança alimentar e nutricional e, ao mesmo tempo, guardiões da biodiversidade do planeta pela produção em qualquer circunstância. O reconhecimento também tem a função de destacar a capacidade de promover exemplos positivos para as zonas rurais”, disse o diretor-geral do IICA, Manuel Otero.

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Reconhecimento

No âmbito do programa Líderes da Ruralidade, o IICA trabalha para que o reconhecimento facilite a criação de vínculos com organismos oficiais, da sociedade civil e do setor privado para obter apoio para suas causas.

Dessa maneira, Katia Silene Tonkyre é a primeira mulher cacique da aldeia Akratikatejé, situada no Pará, na região norte do Brasil.

É filha do respeitado cacique Payaré, um lutador pelos direitos dos indígenas já falecido, que implantou na aldeia o conceito de empreendedorismo.

Assim como de produzir sem agredir a natureza, beneficiando a comunidade com a organização, a coleta e a produção de castanhas, maracujá, açaí, cacau, cupuaçu e outras frutas amazônicas, além de mel, animais e criação de peixes, o que gera empregos e receitas.

Katia continuou e aperfeiçoou esse legado, ampliando-o para a realização de parcerias e de ações que contribuíram para o bem-estar da comunidade.

Eu não concordo quando alguém diz que é necessário destruir a floresta para criar gado ou investir em soja. Nós queremos alcançar um projeto sustentável e queremos crescer, mas não destruindo a natureza. Nós valorizamos os nossos produtos. Não é necessário destruir. É possível conciliar as duas coisas, fazer o projeto e manter a floresta em pé, utilizá-la. A floresta nos dá uma farmácia verde e rica, temos os nossos animais e temos a nossa floresta, diz Katia.

E a cacique conclui:

A natureza, a floresta, somos nós. Nós somos a Amazônia, nós somos a floresta. Quando uma árvore morre, morre uma parte de nós, pois somos as raízes dessa floresta. E a castanha é o nosso ouro; também temos açaí, cacau e peixes, e agregamos valor à nossa produção sem agredir a natureza.

*Com informações da Agência Brasil

Foto: divulgação/ILCA