Amazônia: bioeconomia atrai bilhões e impulsiona negócios da floresta

Empresas como a de dona Nena, na Ilha do Combu, no Pará, já beneficiam famílias sem desmatar.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 13/05/2025 às 15:22 | Atualizado em: 13/05/2025 às 15:43

A produção sem derrubar a floresta avança na região Norte com políticas públicas e investimento privado. Sobretudo, o foco é atrair renda e manter o bioma.

Segundo o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), o setor pode gerar até US$ 7,7 trilhões no mundo até 2030.

No Brasil, o Pará lidera os esforços. Um estudo de 2021 apontou que as cadeias da floresta podem render R$ 170 bilhões até 2040.

COP-30 com novos centros de inovação

Além disso, a capital paraense, Belém, que sediará a COP-30 em novembro, recebe R$ 20 milhões para criar o Centro de Inovação e Bioeconomia de Belém (CIBB).

Dessa forma, o projeto revitaliza um casarão tombado para abrigar 20 iniciativas verdes. A ideia é unir negócios, divulgação e apoio técnico.

Um exemplo claro é a empresa de dona Nena, que produz chocolates na Ilha do Combu. Atualmente, o negócio envolve 16 famílias da região.

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Da escassez ao empreendedorismo sustentável

Nascida no Igarapé de Piriquitaquara, dona Nena viu o cacau nativo rarear com o tempo. “Hoje, meus irmãos não descem nem com uma canoa”, diz.

Para valorizar o fruto, ela investiu na produção artesanal de chocolate. Com isso, garantiu água potável, saneamento e turismo na ilha.

No entanto, ela defende a necessidade de assistência técnica e condições básicas para manter a floresta de pé. “Sem isso, o povo sai e a área vai sendo desmatada”, alerta.

Bioeconomia como política de Estado

Segundo Camille Bemerguy, secretária adjunta do Pará, o PlanBio estrutura o setor e dá segurança jurídica para investidores.

Além disso, o plano inclui ciência, inovação e metas de longo prazo, com ênfase no novo Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia.

Localizado no projeto Porto Futuro 2, o complexo terá espaços culturais, turísticos e científicos, com um investimento total de R$ 300 milhões.

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De 70 para 300 startups

Antes frágeis e isoladas, as startups verdes agora têm mais apoio. Atualmente, a meta do governo é atrair 200 novas iniciativas até 2030. Com isso, a expectativa é que o setor responda por 4,5% do PIB do estado.

“Não pode ser só mais um ciclo. Tem que ser transformação”, diz Camille.

Leia na íntegra em Agência Brasil.

Foto: Fabiola Sinimbú/Agência Brasil