Amazônia: agro e pasto de gado avançam sobre sítios arqueológicos
À medida que a agricultura avança na Amazônia, os geoglifos estão sendo eliminados tão rápido quanto são descobertos

Mariane Veiga
Publicado em: 26/09/2024 às 19:41 | Atualizado em: 26/09/2024 às 20:01
Nos confins do sudoeste da Amazônia, protetores travam luta para proteger antigos sítios arqueológicos ameaçados pelo poderoso agronegócio, um setor que movimenta R$ 2,6 trilhões no Brasil.
Os fazendeiros veem a terra como fonte de lucro e consideram os geoglifos, estruturas geométricas no solo, um obstáculo, diz publicação do DCM.
Segundo a reportagem, nos últimos anos, pelo menos nove desses sítios, que podem medir até 385 metros de largura e quase 5 metros de profundidade, foram destruídos.
Dessa forma, os vestígios de uma civilização que floresceu por cerca de mil anos, desde a época de Cristo, podem estar se apagando.
À medida que a agricultura avança na Amazônia, os geoglifos estão sendo eliminados tão rápido quanto são descobertos.
“No terreno da nossa casa, temos um patrimônio tão importante quanto as pirâmides do Egito. Eles duraram mais de 2.000 anos e vamos destruí-los em menos de uma geração”, afirma Antonia Barbosa, arqueóloga do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), no Acre.
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Batalha
Agricultores e pecuaristas são forças políticas e econômicas poderosas no Brasil, contribuindo para 24% do PIB do país.
O Acre faz parte dessa fronteira, onde a produção de soja triplicou em dois anos, atingindo 60.600 toneladas e expandindo terras agrícolas para 43.000 acres. As ações do Iphan, incluindo multas, são uma gota no oceano para grandes fazendas industriais.
O rápido desaparecimento dos geoglifos faz parte do desmatamento mais amplo da Amazônia, destinado à agricultura. Isso coloca em risco todo o planeta, que já enfrenta as consequências das mudanças climáticas.
A Amazônia armazena cerca de 20% de todo o carbono da vegetação global. A destruição da floresta ameaça transformar essa reserva em uma fonte líquida de emissões, comprometendo os padrões de chuva em toda a América do Sul.
Desde 2000, a região perdeu uma área maior do que o estado de São Paulo, pressionando para expandir plantações e pastagens. O desafio para o presidente Lula da Silva é equilibrar a economia do agronegócio com a proteção das florestas.
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Foto: Edison Caetano/reprodução