Amazonas está sob alerta de volta de doenças erradicadas

Vacinação infantil no estado está abaixo da meta, diz reportagem desta terça-feira do jornal Valor Econômico

Amazonas está sob alerta de volta de doenças erradicadas

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 17/06/2025 às 07:09 | Atualizado em: 17/06/2025 às 07:10

A cobertura vacinal infantil no Amazonas está muito abaixo das metas estabelecidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Dessa forma, repete a tendência observada em todo o país.

O estado figura entre os piores desempenhos nacionais, especialmente nas vacinas contra poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola e varicela. É o que diz reportagem desta terça-feira, 17, do jornal Valor Econômico.

De acordo com a publicação, dados consolidados até o final de 2023 mostram que menos da metade das crianças amazonenses receberam o esquema vacinal completo em vacinas essenciais como a tríplice viral.

O cenário é ainda mais grave em municípios do interior, onde a cobertura vacinal em alguns casos não chega a 30%.

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Norte é a região mais vulnerável

O valor diz que estudos recentes revelam que a região Norte é a mais vulnerável do país. Em 2023, informa, grande parte dos municípios do Amazonas não atingiu os 95% de cobertura recomendados pelo Ministério da Saúde para vacinas como a da pólio e a da tríplice viral.

Em contraste, há cidades vizinhas com índices próximos de 100%, escancarando as desigualdades de acesso e logística.

Segundo estimativas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Brasil está sob risco de reintrodução da poliomielite — uma doença erradicada no país em 1994 — e o Amazonas está entre os estados em situação mais delicada.

Impacto da pandemia e desafios locais

A pandemia da covid-19 acentuou o afastamento das famílias das salas de vacinação. No Amazonas, as barreiras geográficas e a dificuldade de acesso à atenção básica em comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas são fatores históricos que agravam o problema.

Apesar de campanhas pontuais de imunização, como o Zé Gotinha em Escolas e as ações itinerantes com lanchas e voadeiras, os resultados ainda estão distantes do ideal. A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) afirma que novas estratégias estão em planejamento para 2025, com foco em busca ativa e vacinação em territórios de difícil acesso.

Risco real de surtos

O ressurgimento do sarampo em 2018 e 2019, com casos confirmados em Manaus e outras cidades, mostrou que os riscos não são teóricos. Autoridades de saúde alertam que, com a atual taxa de cobertura, um único caso pode desencadear um surto. O sarampo, por exemplo, tem uma taxa de transmissão extremamente alta: um infectado pode transmitir o vírus para até 18 pessoas.

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