Rio Amazonas segue fechado para navios de carga até fim do ano
Empresas preveem que o tráfego de navios de carga no rio Amazonas ficará interrompido até o final do ano por causa da seca.

Diamantino Junior
Publicado em: 13/10/2024 às 15:20 | Atualizado em: 14/10/2024 às 08:53
Empresas que operam na região estimam que o fechamento do rio Amazonas para o tráfego de navios de carga deve se prolongar até o final deste ano. Na última semana, o nível do rio caiu, tornando inviável a passagem de embarcações maiores, mas o “plano B” já estava em uso desde setembro, com a instalação de dois terminais flutuantes na área mais crítica. Esses terminais permitem que os navios transfiram suas cargas para balsas, que conseguem operar mesmo com menor profundidade.
Outra alternativa utilizada é o transbordo da carga no porto de Vila do Conde, no Pará, o que acrescenta cerca de dez dias ao trajeto, de acordo com Luís Resano, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem ( Abac).
Ele estima que a situação continuará até dezembro, enquanto Augusto Rocha, diretor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), acredita que a interrupção pode se estender até janeiro, como ocorreu no ano passado.
Situação mais grave
Embora 2023 tenha registrado uma seca histórica no rio Amazonas, a situação atual é ainda mais grave. Relatórios do Serviço Geológico do Brasil mostram que o rio Negro, na estação do Porto de Manaus, atingiu os níveis mais baixos desde o início das medições em 1902. Em Itacoatiara, um ponto crítico do rio Amazonas, a profundidade está ainda menor que no ano passado.
Apesar da gravidade da seca, as perspectivas de chuvas são mais otimistas do que em 2023.Rocha afirma que as chuvas começaram mais cedo este ano, com registros de precipitações em outubro, enquanto no ano passado só começaram em novembro. Nos últimos 30 dias, a chuva no Norte do Amazonas já superou os volumes dos últimos dez anos.
Dragagem
A dragagem do rio Amazonas, contratada pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) à empresa DTA, poderia ser uma solução, mas Rocha é cético quanto ao início das operações ainda este ano. Embora a draga já esteja em Manaus, ele destaca que são necessários estudos ambientais e operacionais antes do início do serviço.
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O Dnit, por sua vez, afirma que as equipes estão em fase de mobilização para começar a dragagem na segunda quinzena de outubro, entre Manaus e Itacoatiara.
O órgão também informa que a licença para o trabalho foi emitida em junho pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) e que a gestão ambiental será conduzida conforme a legislação vigente.
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Foto: Ronaldo Siqueira/Especial para o BNC AMAZONAS