Águas de Manaus destrói vias nos bairros e fica por isso mesmo
Concessionária prejudica ruas recém-recapeadas, ignora notificações e expõe omissão de fiscalização e controle.

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 30/07/2025 às 20:51 | Atualizado em: 31/07/2025 às 08:31
A concessionária Águas de Manaus, já bastante conhecida pela falha no abastecimento de água e saneamento básico da capital, agora se põe a deteriorar ruas e avenidas para instalação de redes de esgoto. E não faz o devido reparo da via.
Somente neste ano, a Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município (Ageman) aplicou mais de R$ 3 milhões em multas à empresa devido à má qualidade dos serviços de recomposição asfáltica.
Apesar de o vice-prefeito Renato Magalhães Júnior afirmar que a gestão municipal já recapeou mais de 3 mil ruas, os esforços da prefeitura são sistematicamente comprometidos pela concessionária, que “rasga o asfalto” e deixa atrás de si um rastro de buracos.
A Ageman confirma, em vistorias, falhas graves como afundamentos de solo e ausência de reparos adequados, mas as medidas punitivas não têm surtido efeito.
Em março, em apenas 20 dias, a agência aplicou três multas superiores a R$ 1 milhão, referentes a obras mal executadas em bairros como Adrianópolis, Lírio do Vale e São Jorge:
- – R$ 664.985,40 em 12 de março;
- – R$ 511,5 mil em 19 de março;
- – R$ 255,7 mil em 20 de março.
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Tragédias e descaso
O impacto vai além do prejuízo ao asfalto. A negligência da concessionária, somada à ausência de fiscalização efetiva do poder público, já resulta em tragédias.
Em junho, a estudante de biomedicina Geovana Ribeiro da Silva, de 29 anos, morreu após a moto em que estava bater em um buraco na avenida Djalma Batista, na zona centro-sul.
As redes sociais refletem a revolta popular. Moradores denunciam a falta de compromisso da Águas de Manaus com a cidade e a inércia da prefeitura em exigir reparos imediatos.
A Câmara Municipal de Manaus, que deveria fiscalizar a concessionária e defender os direitos do cidadão, permanece omissa, sem propor ações efetivas para coibir o descaso.

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Campeã de reclamações
Por tudo isso, a empresa privada lidera o ranking de queixas no Procon.
De janeiro a abril deste ano, foram 791 registros — mais que os setores de energia, bancos e telefonia — por cobranças indevidas, má qualidade do serviço, dificuldade para cancelamento e atendimento precário.
Resposta insuficiente
Mesmo após as multas, a Águas de Manaus limita-se a alegar que segue o “manual de procedimentos para recuperação das vias” da prefeitura, prometendo melhorias no asfalto e recapeamento com “alto padrão de qualidade”.
No entanto, as evidências nas ruas mostram que a promessa não sai do papel.
A Ageman afirma que continuará a fiscalizar e multar a empresa, mas o cenário revela um ciclo de impunidade: a concessionária lucra, o poder público assiste e o cidadão paga a conta, com buracos, acidentes e a destruição da infraestrutura pública.
Foto: divulgação/Ageman