Soltura de advogada presa com 10 kg de cocaína é investigada pelo MP-AM
Órgão apura irregularidades na liberação de advogada flagrada com drogas pelo delegado Mário Monteiro Júnior. Investigação questiona flagrantes virtuais e atuação da OAB.

Diamantino Junior
Publicado em: 27/11/2024 às 16:27 | Atualizado em: 27/11/2024 às 16:32
O Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) abriu investigação para apurar possíveis irregularidades cometidas pelo delegado Mário Luiz Campos Monteiro Júnior, do 6º Distrito Integrado de Polícia (DIP), após a liberação de uma advogada flagrada com 10 kg de cocaína.
O caso, ocorrido no dia 21 de novembro, no bairro Colônia Terra Nova, em Manaus, gerou questionamentos sobre a discrepância de tratamento entre a advogada, que foi liberada, e o marido dela, preso em flagrante.
Decisão sem fundamentação formal
O juiz Rivaldo Matos Norões Filho solicitou ao MP-AM a apuração da conduta do delegado, uma solicitação reforçada pelo promotor José Felipe Fish.
O MP informou que não houve justificativa formal para a decisão do delegado de validar a prisão do homem e liberar a advogada, o que motivou a abertura de um procedimento para verificar possíveis crimes, omissões ou irregularidades.
Críticas ao uso de videoconferência
A investigação também abordará o uso de “flagrantes virtuais ou remotos”, prática em que decisões são tomadas por videoconferência, sem contato direto com provas materiais ou testemunhais.
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O MP ressaltou que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recomendam a realização presencial desses procedimentos para garantir a qualidade das provas.
Questionamentos à presença da OAB no caso
Outro ponto em análise é a atuação da Comissão de Prerrogativas da OAB-AM, presente na delegacia durante o episódio.
O MP questiona a necessidade dessa presença em situações que não envolvam diretamente o exercício da advocacia, argumentando que a justificativa da advogada – de que estava no local para receber honorários – não configura prerrogativa profissional.
Investigação interna na Polícia Civil
Além da investigação do MP, a Polícia Civil anunciou a instauração de um processo administrativo para apurar a conduta do delegado. Ele será convocado para prestar esclarecimentos sobre sua decisão.
O g1 aguarda um posicionamento oficial da OAB-AM sobre as questões levantadas na investigação.
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Foto: divulgação