Manaus, uma cidade de desafios e realizações

É a cidade com maior população na região Norte e a sétima do país

Mariane Veiga, por Marcellus Campelo

Publicado em: 26/10/2022 às 12:10 | Atualizado em: 26/10/2022 às 12:35

Estamos na semana de comemoração pelos 353 anos de Manaus, completados em 24 de outubro. Nesta data, em 1848, a vila de Manaos foi elevada à categoria de cidade.

Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Manaus possui 2.219.580 habitantes. É a cidade com maior população na região Norte e a sétima do país.

A capital amazonense, onde nasci e tenho orgulho de pertencer, é um retrato do que se observa no mundo, com o rápido crescimento das cidades e a necessidade premente de torná-las mais inclusivas e sustentáveis. O alcance dessa meta, inclusive, é o 11º dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), que fazem parte da Agenda 2030.

Em Manaus, como em muitos outros lugares do mundo, o crescimento se deu de forma desordenada. A cidade viveu o boom da borracha e a riqueza obtida com a extração e exportação do látex, período que deixou como legado construções arquitetônicas hoje emblemáticas, como os palacetes e o majestoso Teatro Amazonas, um dos seus grandes símbolos. Com a decadência econômica, após a criação da borracha sintética, a cidade enfrentou novos desafios e, em 1967, com a regulamentação da Zona Franca de Manaus, voltou a se erguer.

Entretanto, viu dobrar a sua população em apenas duas décadas. A paisagem foi ganhando um novo cenário, com os bairros periféricos ocupados sem qualquer planejamento. Embora, obviamente, o crescimento das cidades traga junto benefícios à boa parte da população, também aprofunda algumas desigualdades que precisam ser eliminadas.

A concentração da população nos centros urbanos é uma tendência que só cresce. Em 2019, por exemplo, 55% da população – 4,2 bilhões de pessoas – residiam em cidades e núcleos urbanos, 60% em locais com mais de 300 mil habitantes. Estima-se que chegue a 70% em 2050. O dado preocupante é que, já em 2018, 24% da população mundial viviam em assentamentos informais e em bairros marginais, sem condições de infraestrutura básica.

Manaus também vive esse dilema e ações vêm sendo implementadas nos últimos anos procurando enfrentar esse fenômeno do crescimento urbano acelerado, afinando com políticas públicas que garantam as condições adequadas para os que vivem nos bairros que surgiram sem planejamento, a maioria a partir de invasões.

O Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+) é uma dessas ações, na medida em que leva para áreas mais desassistidas obras de urbanização, drenagem, saneamento básico, além de implantação de estrutura de lazer para a comunidade e construção de conjuntos habitacionais, para tirar as famílias dos locais de risco de alagação.

Na nova fase do Prosamin+, que já vem sendo executada, pela primeira vez as obras chegam à zona leste, uma das mais populosas e carentes de infraestrutura em Manaus. Tem tudo para ser um grande êxito e uma decisão acertada, que fará uma enorme diferença para quem vive naquela área da cidade.

O desafio, que vem sendo enfrentado com ações desse tipo, é tornar a cidade mais sustentável, buscando equilibrar o crescimento econômico com o cuidado ao meio ambiente e o bem-estar da população. Nesse aspecto, do coração da floresta amazônica, Manaus está dando o seu recado.

O autor é engenheiro civil, especialista em saneamento básico.

Foto: divulgação