Manaus e as tragédias anunciadas por gestões sem planejamento
Para o sociólogo Lúcio Carril "Manaus sofre com as péssimas gestões"

Ferreira Gabriel, por Lúcio Carril*
Publicado em: 13/03/2023 às 13:53 | Atualizado em: 13/03/2023 às 13:54
Oito mortos em deslizamento de terra ontem em Manaus, dentre elas 4 crianças. 75 famílias perderam suas casas. Isto só numa comunidade. Na cidade toda foram centenas de residências invadidas pelas águas.
O prefeito de Manaus não entregou uma casa popular em mais de dois anos de gestão. Apoiou o fim da Minha Casa Minha Vida ao apoiar a eleição e a reeleição do genocida. Não ofereceu alternativa de moradia às famílias que moram em locais de risco e o aluguel social que a prefeitura paga é insuficiente para alugar uma casa.
Esta situação revela uma gestão municipal sem o menor planejamento, sem prioridade e sem políticas públicas estruturantes.
Manaus tem apenas 21,95% do esgoto coletado e apenas 24,14% desse percentual é tratado. Ocupa a 7ª colocação entre os municípios com os piores índices de saneamento.
Qual o resultado desse descaso? Alagamentos, deslizamentos, doenças e péssima qualidade de vida.
A prefeitura já fez empréstimo em 2021 e 2022 no valor de 500 milhões (400 milhões em 2021 e 100 milhões em 2022) para investir no Programa de Melhoria da Infraestrutura Urbana e Tecnológica do Município de Manaus. Este ano já pediu autorização da câmara para empréstimo de mais 600 milhões.
O problema, então, não é recurso, é planejamento. Mas para fazer planejamento é preciso conhecer a cidade e chamar a sociedade para participar. A atual gestão, e as anteriores, também, tem horror à participação popular.
A forma autoritária e elitizada de se planejar é ineficiente e tecnicamente inviável. O planejamento tem que ser feito com todos os envolvidos, no caso de uma cidade, com sua população. Não fazer isso é jogar dinheiro fora.
Manaus sofre com as péssimas gestões. E a arrogância do atual prefeito indica que o erro do isolamento e do autoritarismo levará nosso povo a ser mais penalizado.
O autor* é sociólogo