Jornalistas-vão-com-as-outras

Os jornalistas, formadores de opinião, optaram por reproduzir em série o que quis pautar Israel ao mundo

Mariane Veiga, por Neuton Corrêa

Publicado em: 19/02/2024 às 23:59 | Atualizado em: 20/02/2024 às 00:53

Já se vão dois dias e a opinião que se vê, se ouve, se lê e se acessa sobre o que disse o presidente Lula acerca dos ataques de Israel à Faixa de Gaza e a opinião pública segue como soldado em ordem unida.

Todos, a maioria jornalistas, com raras exceções, condenaram a comparação que o petista fez da ação de Israel em Gaza ao Holocausto.

Afinal, o que Lula disse?

Eis aqui: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

Por causa disso, o presidente brasileiro, foi chamado, entre outras coisas, de infeliz, desastroso, ignorante.

Os jornalistas, formadores de opinião, optaram por reproduzir em série o que quis pautar Israel ao mundo. Agem como carpideiras.

Eles esqueceram o teor do discurso para desqualificar o interlocutor.

Israel entrou na mente dos intelectuais dos mídia, que agem como “jornalistas-vão-com-as-outras”.

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Conivência

Mas a questão é mais profunda do que se parece. Não se trata apenas de uma repetição em série de uma opinião.

Sobretudo, trata-se de conivência.

Ao atacar o interlocutor sem considerar a mensagem, os jornalistas aceitam como normalidade a morte de 29 mil pessoas.

Assim, concordam que seja normal bombardear campos de refugiados, invadir casas, matar crianças, mulheres e velhos.

Alguém precisa dizer que isso não é normal. Alguém precisa entender que Israel comete crime contra a humidade e se iguala a seu inimigo, Hamas.

Para parecer com o Holocausto é preciso que morram 6 milhões de pessoas?

Se esse for o entendimento, os jornalistas estão no caminho certo.

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil