Garantido e Caprichoso agora são globais
Os rumores sobre o interesse da emissora em transmitir o festival de Parintins são antigos

Mariane Veiga, por Dassuem Nogueira
Publicado em: 02/05/2024 às 18:28 | Atualizado em: 02/05/2024 às 18:31
O mundo bovino parou com a notícia de que a Rede Globo irá transmitir o festival de Parintins neste ano.
Esse é um flerte antigo, pois não é de hoje nem de ontem que há rumores do interesse da emissora em transmitir o festival.
E, após o anúncio da transmissão do festival em televisão aberta para a região Norte e em todas as plataformas da rede, o torcedor já se sente global. A plateia do espetáculo dos bumbás se sente item e é, de fato.
O item 19, galera, conta ponto para a agremiação. E tem seu momento especial, assim como todos os itens. Momento em que todos os olhos se voltam para ela, a entidade galera. E, e 2024, as câmeras da Globo.
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O boi e o samba
Uma importante vitrine para o boi-bumbá de Parintins, como uma entidade espetáculo, tem sido os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo.
Na década de 1980, o mestre Jair Mendes foi o primeiro a aprender a arte de fazer grandes estruturas alegóricas nos galpões das escolas de samba do Rio.
Isso mudou os rumos das apresentações. O centro do espetáculo passou a ser as alegorias e o que delas surgem.
Décadas depois, os artistas de galpão de Parintins foram aos galpões do samba fazer alegorias em movimento e esculturas com a técnica de pastelagem, que dá texturas realistas sobre o isopor. Pasmem! Feita com goma de tapioca.
Na transmissão do carnaval do Rio e de São Paulo, o nome da ilha encantada e sua mágica movimentação de alegorias é sempre falado.
Recentemente, a conexão boi-bumbá e samba passou a intercambiar compositores e cantores.
Nomes como o sambista Ivo Meirelles e Xande de Pilares passaram a ser figuras carimbadas no mês de junho em Parintins.
No carnaval deste ano, Márcia Siqueira abriu o desfile da Mocidade Alegre como puxadora de samba. A escola conquistou o bicampeonato.
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Parintins para o mundo ver
E, por falar em sambista, toada composta pelo sambista Jorge Aragão em 1997 tem sido usada como referência do que significa a transmissão da Rede Globo para o festival: “Nosso boi, nossa dança xipuara, está no mundo, está mostrando nossa cara”.
Jorge Aragão, sambista carioca, mantinha relações antigas com o samba manauara. E fez a toada para o Garantido, que acabou sendo tema do boi em 1997.
É um convite para quem não conhece ir ver o festival: “Vem me ver, vem me ver”.
As apresentações de Garantido e Caprichoso transformam em espetáculo o mundo amazônico, suas gentes, suas visões de mundo, sua imensa diversidade biológica. E, sobretudo, um jeito de ser, rostos, um falar e um comer típicos daquela ilha.
Parintins é uma cidade-espetáculo e jamais decepciona em exibir o que tem de melhor: a sua festa.
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O efeito Isabelle
A participação de Isabelle Nogueira no reality da emissora, certamente, foi o fator “cereja do bolo” da relação que se ensaiava.
Isabelle foi uma das protagonistas da edição, sendo amiga inabalável do campeão Davi. E embalou-se em um romance digno de novela nas últimas semanas com o vice-campeão Matheus.
A cunhã engajou as torcidas de Caprichoso e Garantido em um movimento jamais visto produzindo imagens poderosas do começo, do fim e do depois de sua participação.
Desde sua dança na casa do Big Brother Brasil, a forte movimentação em torno dos paredões em que esteve, sua impressionante festa na final até a sua grandiosa recepção pós-confinamento em Manaus e Parintins.
A cunhã lançou voz e imagem a uma manifestação cultural já famosa, pois dela já se fala e há muito tempo. Mas, embora grandioso, não é um espetáculo conhecido.
Tão pouco é compreendido em seus elementos e estrutura, como são o carnaval do Rio de Janeiro, de Recife, da Bahia, símbolos de cultura brasileira.
Depois da participação de Isabelle Nogueira no BBB, muito mais pessoas sabem, pelo menos, o que é uma cunhã-poranga e o que ela faz.
Não que já não fosse possível ao mundo inteiro acompanhar a transmissão do festival pela internet, mas é que, agora, por um meio de uma divulgação poderosa, é possível fazê-la conhecida como a grande festa da Amazônia que ela já é.
A autora é antropóloga.
Foto: BNC Amazonas