Farinha pouca meu pirão primeiro

Mariane Veiga, Por Thomaz Antonio Barbosa

Publicado em: 22/04/2020 às 10:25 | Atualizado em: 22/04/2020 às 10:25

O Brasil assiste enclausurado o esfacelamento do estado e suas instituições nacionais, a pandemia expõe nossas fraquezas.

Os órgãos de controle e fiscalização se contentam em estar fechados, o Judiciário na sombra do isolamento social descansa, o Legislativo sai à francesa, enquanto a gastança corre solta nada se resolve e o Presidente da Republica distribui discórdia, insultos e desaforos contra uma população que padece.

De olho nas eleições de 2020 o Presidente da República se esquece de descer do palanque eleitoral, mantendo engatilhado o arsenal de indelicadezas.

O tempo passou e ele não percebeu que o jargão “bandido bom é bandido morto” perdeu a força politica, mesmo assim Sua Excelência tenta manter o discurso do ódio que lhe alçou ao poder, lutando contra todas as convicções mundiais acerca da pandemia que deixa a pátria de joelhos.

A solução para os problemas do país não virá do Supremo.  Entretanto, as medidas tomadas a contragosto pelo governo central brasileiro tipo o Auxilio Emergencial humilham a população, esbarrando na burocracia cartorialista de um país velho, adoecido desde sempre por uma sede de poder imperialista dos governantes que insistem em tomar para si o que é de todos.

A pátria não é propriedade privada.  Dói na mente do Executivo devolver ao povo aquilo que é seu de direito, o dinheiro mofo na gaveta, fruto dos nossos esforços.

O cidadão é credor do estado, senhor presidente, e não o inverso. De bobo o rei não tem nada. Todavia, o argumento frágil de patriotismo cai por terra quando Sua Excelência coage as pessoas para irem às ruas em busca de sobrevivência, haja vista, o governo não oferecer suporte à nação.

O cidadão sustenta eternamente o país justo para ser atendido em suas necessidades essenciais, principalmente nas horas difíceis, debalde, ninguém fala em sua defesa.

Parênteses: Especificamente sobre o discurso patriótico do momento, digo a vós que a função do militar é ser patriota mesmo, nós lhe pagamos para isso, é sua profissão, seu dever.  Difícil é ser patriota desempregado, com fome, morando na rua, sem perspectiva de vida e sem nenhum amparo do estado.

Hoje precisamos do Brasil e ele nos vira as costas.  O pastor abandona as ovelhas desgarradas em nome de uma gripezinha e de um resfriadinho que vai ceifar a vida somente das mais frágeis do rebanho. Sinceramente isso não é governo, tão pouco cristianismo!

É mister dizer que um governo não termina quando acontece um impeachment, mas quando deixa de se comunicar com a totalidade de seus cidadãos – por mais que hajam divergências – quando divide o país em dois, correndo atrás de seu próprio ego em detrimento aos interesses nacionais.

Bolsonaro não está preocupado com a economia, tão pouco com os nacionais, o que ele mira é o seu futuro político.

Ainda não desceu do palanque de 2018 e já está armando o de 2020. Nesse momento da batalha o soldado luta para defender a própria pele.

O governo sacro-ideológico do Capitão acabou, agora é brigar pela sobrevivência e no contexto político quanto mais fatiada a melancia melhor para os comensais, sobretudo para o anfitrião.

Todo mundo vai querer um pedaço da sobremesa na hora que se perceber que coisa pudim ninguém come sozinho. A caneta azul dessa vez há de funcionar caso contrário o pescoço do mandatário vai para a degola, ai de nós, ninguém fiscaliza. Façam suas apostas!

 

*O autor, apresentador do programa “Conversa Franca”, no BNC Amazonas, é contador, formado em ciências contábeis pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), MBA em marketing pela Universidade Gama Filho e mestrando em ciências empresariais na UFP/Porto, em Portugal.

 

 

Foto: José Paulo Lacerda/Agência Estado/AE