Em defesa dos interesses do Diabo
“Neste momento, paradoxalmente, os evangélicos, salvo doces e raras exceções, atuam para defender os interesses do Diabo e agem de forma injusta diante da verdade"

Neuton Correa, Aldenor Ferreira*
Publicado em: 13/05/2023 às 04:00 | Atualizado em: 08/10/2024 às 16:42
Parte da sociedade brasileira foi tão adoecida pelos discursos e ações de Jair Bolsonaro que vários segmentos se radicalizaram profundamente, dentre os quais o segmento evangélico, que foi o mais afetado. Salvo raríssimas exceções, os que se dizem evangélicos passaram a defender os interesses do Diabo e não o de Cristo a quem dizem seguir.
As principais lideranças evangélicas, paradoxalmente, têm se posicionado contra o Projeto de Lei n.º 2.630 de 2020, conhecido como PL das fake news, em tramitação no Congresso Nacional. De imediato, podemos dizer que esta posição é diametralmente oposta a todos os princípios morais e doutrinários basilares do verdadeiro Cristianismo.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que fake news significa notícia falsa ou informação distorcida. Noutras palavras, é uma mentira disfarçada de notícia. Neste sentido, em hipótese alguma poderia haver o apoio de evangélicos a qualquer coisa que remetesse à falsidade, à mentira, à calúnia, à difamação, enfim, ao engano, pelo simples fato de que a Bíblia condena veementemente estas coisas.
A Bíblia – considerada pelo segmento evangélico como a única regra de fé e prática – não apenas condena o comportamento leviano, como ainda declara qual é a origem de toda a mentira, deixando claro quem é seu pai. Vejamos o que diz o Evangelho em João 8:44:
“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira”.
Não há como escapar da verdade contida neste texto. Nele, não há margem para interpretação, não há problema algum com a semântica, ele é literal. Neste sentido, como pode alguém que se diz evangélico, seguidor fiel dos ensinamentos de Cristo e de sua palavra escrita, a Bíblia, ser contra um projeto que visa coibir e responsabilizar os criadores e divulgadores de mentiras na Internet?
A resposta é simples. Não pode.
Porém, como citado no início deste texto, o país foi adoecido por Bolsonaro e sua gangue de malfeitores. E isto aconteceu justamente por meio de fake news via redes sociais. Ou seja, grande parte dos evangélicos foi e continua sendo enganada.
Neste sentido, ao ser contra o PL das fake news, as lideranças evangélicas estão dizendo para os seus seguidores que mentira é algo tolerado pela Bíblia e por Cristo. Não, não é. Cristo é radicalmente contra a mentira e a fraude.
Portanto, ao se colocarem em posição oposta ao texto sagrado, as lideranças evangélicas defendem os interesses de Jair Bolsonaro e do famigerado bolsonarismo. Nestes termos, seria o ex-presidente mais importante que Cristo e a própria Bíblia?
Neste momento, paradoxalmente, os evangélicos, salvo doces e raras exceções, atuam para defender os interesses do Diabo e agem de forma injusta diante da verdade. De forma explícita, o que se percebe no comportamento deles é o discurso do ódio.
Para encerrar, deixo aqui um alerta. Um alerta vindo do próprio texto que eles chamam de sagrado e dizem seguir fielmente. Vejamos:
“Deste modo, conhecemos quem são os filhos de Deus e quem são os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não procede de Deus, nem tampouco aquele que não ama seu próprio irmão. A marca do cristão: o amor” (1 João 3:10).
“Pois quem agir de forma injusta receberá o devido pagamento da injustiça cometida; e nisto não há exceção para pessoa alguma” (Colossenses 3:25).
As passagens bíblicas são claras e diretas, o que me leva a declarar que os adoradores do Diabo, o pai da mentira, não passarão! A verdade prevalecerá.
*Sociólogo
Arte Gilmal