É preciso caminhar juntos para vencer toda forma de opressão
"É com amor que nos faremos melhores. Acredito que todos podemos nos tornar mais gente com a primavera do amor", diz o autor do artigo, Lúcio Carril.

Ednilson Maciel, por Lúcio Carril*
Publicado em: 08/03/2023 às 16:49 | Atualizado em: 08/03/2023 às 16:49
Sou um humanista, mas meu humanismo não é cristão. Também não tenho problema com os humanistas cristãos, desde que sigam o cristianismo, coisa que é muito difícil.
Meu humanismo não é antropocêntrico, nem individualista. Defendo a dignidade humana em toda sua plenitude, onde respeito, tolerância, justiça social e amor se colocam num mesmo campo de existência.
Meu humanismo é de classe. Sei quem é quem na história. Sei quem é contra a vida e quem luta por ela. Sei quem trabalha e quem vive do trabalho do outro. Portanto, compreendo ser humanista quem se posiciona a favor de quem luta e defende a vida e não quem a vilipendia.
Compreendo as dificuldades de conduta do ser humano diante da avalanche ideológica de péssimos valores que lhe é imposta. Já nascemos vítimas da injustiça ou da desigualdade ou do desrespeito. Em muitos casos, somos peças embaladas por tudo isso.
Mas, nada disso pode nos tirar do caminho da luta e da construção de um mundo melhor, onde homens e mulheres possam viver com respeito, tolerância, igualdade e justiça.
Numa sociedade erguida na opressão do homem pelo homem e da mulher pelo homem a resistência é um imperativo histórico do ser humano. É preciso destruir as velhas estruturas patriarcais e construir as possibilidades da existência fundada na igualdade e na solidariedade.
Nós, homens, precisamos empreender uma luta diária contra a carga ideológica que nos faz menos seres humanos e mais objetos ativos da opressão da muiher.
É com amor que nos faremos melhores. Acredito que todos podemos nos tornar mais gente com a primavera do amor, onde rosas brotarão com o aroma da paixão e da eterna solidariedade.
Como é bom poder caminhar juntos, abraçados, com o olhar para um amanhã de felicidade, onde os valores da existência serão repletos de generosidade e carinho.
Porém, é preciso vencer o monstro.
No caminho há o lodo da inverdade, da ganância e da mentira, que nos tira a humanidade e nos faz algozes uns dos outros. É essa opressão que alimenta o jugo dos que tem quase tudo sobre os que não tem quase nada.
É preciso vencer todas as formas de indignidade, principalmente aquelas que nos faz opressores e desumanos. É assim que construiremos o caminho da plena existência humana.
*O autor é sociólogo
Foto: Marcello Casal/Agência Brasil