A Doutrina de Comando e Controle e os vendilhões da pátria

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 28/01/2020 às 22:54 | Atualizado em: 28/01/2020 às 22:54
Por Lúcio Carril*
Tudo começou com os portugueses. De lá pra cá muitas águas rolaram e hoje se chama Comando e Controle.
A invasão da Amazônia por Portugal se consolidou com a instalação de bases militares na região: Forte de São José da Barra do Rio Negro (Amazonas); Forte do Presépio (Pará); Forte Príncipe da Beira (Rondônia); Forte de São Joaquim do Rio Branco (Roraima).
A ideia era de manter o controle através da ocupação, evitando a presença ameaçadora dos espanhóis, e garantir o saque das suas riquezas vegetais e minerais. E assim foi feito.
Passamos pelos ciclos das Drogas do Sertão e do extrativismo, resistindo ao processo de industrialização de outras regiões, já que isso era de interesse do capital internacional.
Em 1955, no Primeiro Plano Quinquenal, durante o governo de Juscelino Kubitschek, se intensifica o projeto de converter o extrativismo numa economia agrícola, com uma produção que atendesse as necessidades de consumo interno e a demanda de matérias-primas das indústrias.
Em 1970, durante o governo do ditador Emílio Garrastazu Médici, a Amazônia volta a ser foco nos planos nacionais de desenvolvimento (PND), com a defesa da sua ocupação para ingresso do Brasil no bloco dos países ricos.
Sim. Essa história de entrar para o clube dos países desenvolvidos e ricos não é macaquice de Bolsonaro. Seus genitores militares já tinham esse desvario.
Concomitante à política de controle e desenvolvimento da região amazônica houve a entrada do grande capital e ações de infraestrutura na região: Usina Hidrelétrica de Tucuruí, Mineração Rio Norte, Albrás e Alunorte, Projeto de Ferro Carajás, Transamazônica. Isto só no Pará.
Ou seja, a Doutrina de Comando e Controle é uma velha conhecida da Amazônia. Seu rastro de insucesso e destruição está aí na poluição dos rios pela Alunorte e pelo aumento da garimpagem, que em 1960 era de 10 mil homens no Pará e em 1990 já alcançava 400 mil em toda a região.
A criação do Conselho da Amazônia pelo governo Bolsonaro, sob a coordenação do seu vice, general Mourão, é uma velha política de entrega das riquezas da região ao grande capital.
Comando e Controle na Amazônia só serviu à pilhagem. Primeiro pelo Reino de Portugal e hoje ao Tio Sam, venerável dos entreguistas da quinta coluna.
*O autor é sociólogo e comunista
Foto: Reprodução/TV