Tradicional canta a Manacapuru

A Tradicional cantou a sua comunidade, exaltou o município de Manacapuru e falou de suas belezas naturais e de sua cultura.

Dassuem Nogueira, especial para o BNC Amazonas

Publicado em: 04/09/2023 às 11:36 | Atualizado em: 04/09/2023 às 17:50

A ciranda Tradicional encerrou na noite de ontem o 25º Festival de Cirandas de Manacapuru. A ciranda do bairro Terra Preta iniciou sua apresentação incendiando a TOT, Torcida Organizada da Tradicional.

A ciranda fez uma viagem no tempo para recontar a história da busca pelo Eldorado encantado. Porém, ao invés de Manoa, o eldorado da Tradicional é em Manacapuru.

Seu performático apresentador, Alciro Neto, destacou que não existia uma única etnia em Manacapuru, mas muitos povos. Desse modo, fez uma sutil provocação à ciranda Guerreiros Mura.

O cordão de entrada evoluiu representando o povo Karamaiana, como representante dos autênticos primeiros habitantes de Manacapuru. Já que os Mura chegaram até a região em meados de 1700.

O cordão de cirandeiros saiu da coroa que representa a majestade do Terra Preta.

Seu figurino, nas cores da ciranda, vermelho, dourado e branco, cheios de brilhos, deixava clara a mensagem de que eles eram o maior tesouro do Eldorado.

A Tradicional cantou a sua comunidade, exaltou o município de Manacapuru e falou de suas belezas naturais e de sua cultura.

Exaltou suas personagens tradicionais, bem encaixados no tema desenvolvido.

Mãe Benta chegou na arena do Parque do Ingá representando os tesouros culinários. Entrou com sua indumentária a tradicional de baiana. Contudo, ela as arrancou performaticamente, transformando-se em cirandeira.

Seu Manelinho apareceu no passo (coreografia) que falava do legado japonês para a várzea amazônica. Ele veio carregando fibras de juta, cuja adaptação ao bioma amazônico foi feita pelo migrante Ryota Oyama.

Constância adentrou a arena sobre uma arraia representando as belezas do rio Miriti, que corta o município.

Seu Honorato, o curandeiro, chegou trazido por uma onça. Ele exaltou o ouro verde, a medicina tradicional da floresta.

A Princesa Cirandeira era a personificação de Manacapuru, a Princesinha do Solimões.

Chama a atenção que a estratégia da Tradicional seja fazer com que os jurados reconheçam o que sabem sobre a dança da ciranda em sua apresentação.

A Tradicional apresentou o contexto histórico da criação de cada personagem e itens individuais, e o que representavam no tema em execução.

A estratégia pode não parecer atraente para o consumidor assíduo do espetáculo de ciranda. Porém, comunica fácil a quem interessa, os jurados.

Desse modo, as personagens principais aparecem no desenvolvimento do tema com uma leitura simples.

A majestade fez um espetáculo grandioso e cheio de poesia. Contudo, teve alguns percalços em sua execução.

A tocata de ouro, a banda de musicistas, atrasou em um tempo a introdução da cirandada que falava sobre a juta. Isso atrapalhou o cordão de cirandeiros que, visivelmente, errou o início do passo.

Outro erro visível foi a participação de David Assayag que, mesmo cantando apenas duas cirandadas, errou a letra. Justamente, a cirandada que tem o nome de sua torcida, TOT.

O nível de excelência das apresentações das cirandas de Manacapuru em nada deve a grandiosos espetáculos feitos por dançarinos e bailarinos que dedicam suas vidas profissionais a isso.

Por esse motivo, os pequenos erros podem ser definidores na luta pelo bicampeonato consecutivo da ciranda Tradicional.

A apuração acontecerá hoje, às 15h, no parque do Ingá.

Fotos: Dassuem Nogueira/especial para o BNC Amazonas