Matizada faz crítica filosófica à introdução da inteligência artificial no mundo

A apresentação enfatiza preocupações relacionadas à desigualdade social e à exploração de recursos naturais, destacando a importância de unir inteligência e consciência para salvar o mundo.

Dassuem Nogueira , especial para o BNC Amazonas

Publicado em: 02/09/2023 às 12:10 | Atualizado em: 02/09/2023 às 12:27

A Ciranda Flor Matizada abriu na sexta-feira (1º/9) o 25º Festival Folclórico de Cirandas. A lilás e branco desenvolveu na arena um tema filosófico.

Utilizando-se da metáfora do roubo do coração da samaumeira pelos espíritos muricariuas, os feiticeiros das águas, a Matizada fez uma crítica filosófica à introdução da inteligência artificial no mundo.

Em sua visão, a introdução da IA reforçará a desigualdade social e a exploração dos recursos naturais.

A IA seria a expressão máxima da falta de consciência, por ser ela uma inteligência sem humanidade.

Por isso, a IA, representada pelos Muricariuas, não pode esvaziar o amor do mundo, representado pelo roubo da samaumeira.

Mãe Benta convocou todas as personagens tradicionais e os guardiões da floresta para reaver o amor do mundo.

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Um tema complexo

Diante de um tema complexo, fez-se uma fala introdutória de cerca de 15 minutos.

 Quando também se ofereceu o espetáculo as 26 vítimas do acidente ocorrido no ano passado.

Desse modo, o cordão de entrada, que deveria ter a função de introduzir ludicamente o tema, entrou somente aos 39 minutos.

O cordão de cirandeiros, a grande atração do espetáculo, entrou aos 47 minutos. Assim, apenas a introdução durou quase uma hora, metade do espetáculo.

Todavia, após o início de fato, a Matizada foi impecável em qualidade estética.

A ver, por exemplo, que nenhum capacete do cordão de cirandeiros caiu, mesmo dançando energicamente por uma hora e meia. Viu-se fantasias luxuosas e bem acabadas.

Além disso, a alegoria assinada pelo artista parintinense Pizano, tinha minúcias de impressionar. Como os olhos acesos em azul de cada pássaro da várzea que ela representava.

Contudo, o apresentador deixou a desejar em apontar para a preciosidade apresentada. O Sol sobre a alegoria, produzia um efeito luminoso que não foi mencionado.

Assim como entraram dois maravilhosos módulos de onça e sapo, esse com movimentos finos, que também entraram e saíram sem receber uma menção sequer do apresentador.

Os destaques do bloco musical são da apresentação de Márcia Siqueira, defendendo o item cirandada letra e música. E o seu dueto com Mara Lima, cantando a cirandada Amor Natural para a entrada da cirandeira bela.

Interessante notar que os destaques mais aplaudidos pelo público foram Caimé, o pai do mato, e Constância, que não competem. Contudo, as demais itens individuais tiveram primorosas apresentações.

Embora, em sua entrada, a princesa cirandeira, tenha tido problemas em sua saída de alegoria, dando a impressão de que estava com seu cocar imprensado.

A Fama, Família Matizada, torcida organizada, deu um show de adereços e efeitos na arquibancada do parque do Ingá.

A mensagem da Matizada é de que a humanidade deve unir inteligência e a consciência para salvar o mundo e todas as suas formas de vida, do vazio, representado pelo roubo do coração da samaumeira.

Foto: divulgação