Chuvas acima da média em Manaus, fenômeno que se intensifica

O volume atípico das chuvas, na verdade, não é novidade em Manaus, que desde 2020 sente os efeitos do fenômeno La Niña

Diamantino Junior, Marcellus Campêlo

Publicado em: 11/05/2022 às 11:36 | Atualizado em: 11/05/2022 às 11:37

Chove intensamente desde novembro, em Manaus, e a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de que esse volume, considerado acima da média normal, se mantenha até julho, pelo menos.

Maio é considerado o último mês da estação chuvosa no estado, quando o ritmo diminui consideravelmente, uma regra que, ao que tudo indica, caminha para ser quebrada este ano. Em maio, o normal é chover entre 170 e 250mm. Em junho, em geral, chove metade disso e julho menos ainda. Agosto é o mês menos chuvoso.

O volume atípico das chuvas, na verdade, não é novidade em Manaus, que desde 2020 sente os efeitos do fenômeno La Niña. A intensificação desse quadro, entretanto, gera preocupação, não somente pela possibilidade de grande cheia e prejuízos aos ribeirinhos, como também pelo impacto que causa na execução de obras de infraestrutura.

Nosso inverno está cada vez mais longo que o verão e, no caso das obras públicas, o Governo do Amazonas tem se desdobrado para não deixar que o volume atípico das chuvas atrapalhe as metas estabelecidas. Mas não é fácil e o que esperamos, é claro, é sol de brigadeiro, para que as equipes possam estar nas ruas da capital e do interior fazendo as intervenções necessárias ao desenvolvimento dos municípios.

Na construção civil, atrasos implicam no aumento de custos, principalmente na mão-de obra. E a chuva acaba sendo um dos fatores que podem impactar nos custos, em função da paralisação dos trabalhos, sem contar com os prejuízos diretos que podem trazer, como as perdas de materiais e danos aos equipamentos.

Não é à toa que a chuva compõe o rol dos riscos imprevistos e das contingências que incidem no Benefício de Despesas Indiretas (BDI), cálculo usado nas obras públicas para compor o custo final do empreendimento. Esse cálculo inclui, além das despesas indiretas, também os gastos com benefícios, como seguro e garantias, impostos e até o lucro incidente.

O “fator amazônico” pode ser sim um limitador mas, apesar das chuvas, o Governo do Amazonas tem corrido para manter o ritmo das obras. A Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), por exemplo, recebeu o sinal verde do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para realização de Licitação Pública Internacional (LPI), para a maior obra prevista no novo Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus e Interior (Prosamin+).

O processo estará aberto a todas as empresas de países elegíveis pelo banco. A empresa ganhadora executará as obras e serviços de engenharia, abrangendo recuperação ambiental, urbanística e habitacional nas áreas de intervenção direta do Prosamin+ no Igarapé do 40, no trecho entre as ruas Alberto Carreira, no Japiim, zona Sul, até a Comunidade da Sharp, no bairro Armando Mendes, zona Leste.

São mais de 3,1 milhões de metros quadrados de obras e melhorias que chegam para ajudar a transformar vidas e que, pela primeira vez, alcançam a zona Leste de Manaus, uma das áreas mais populosas e carentes de infraestrutura.

Na área habitacional, serão construídas sete quadras com 105 blocos, totalizando 616 apartamentos, três praças e dois parques urbanos, com ciclovias, passeios públicos e academia de ginástica ao ar livre, entre outros equipamentos. Além disso, serão realizadas obras importantes de urbanização e saneamento, com a implantação de 33 quilômetros de rede de esgoto e oito quilômetros de rede de distribuição de água potável.

O que esperamos para este ano, portanto, é um ritmo intenso de trabalho, de obras, e que as chuvas deem uma trégua para que sigamos o curso normal, sem enchentes e com muita celeridade, conforme tem sido a orientação do governador Wilson Lima.

Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão que gerencia as obras do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus e Interior (Prosamin).

Foto: divulgação