Candotti e o Musa: ‘Casa de celebração da diversidade do ser no mundo’

Conheça o legado do cientista que fundou o Museu da Amazônia, em Manaus.

Candotti e o Musa: 'Casa de celebração da diversidade do ser no mundo'

Ednilson Maciel, por Wilson Nogueira*

Publicado em: 07/12/2023 às 13:48 | Atualizado em: 07/12/2023 às 13:48

O físico ítalo-brasileiro Ennio Candotti, fundador do Museu da Amazônia (Musa), morreu em Manaus, aos 81 anos, nessa quarta-feira (6/12).

Ele também foi eleito presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) por quadro vezes, e exerceu os mandatos entre os anos de 1989-2007. 

O corpo do cientista será velado no Musa nesta sexta-feira, das 9h às 15h, e será aberto ao público.

Candotti atuou também como ator político, principalmente na defesa da ciência como fator de desenvolvimento da vida, entre as quais, as dos seres humanos.

Nesse sentido, foram marcantes as suas posições na formulação de políticas públicas inclusivas por intermédio da educação, pesquisa, ciência e tecnologia. 

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Museu   

Candotti propôs a criação de um museu dentro da floresta amazônica, na 59º Reunião Anual da SBPC, realizada na Universidade Federal do Pará (UFPA).

Dois anos depois, ele foi convidado pelo governo do Amazonas, por intermédio da Universidade do Estado Amazonas (UEA), para criar o Musa. 

O museu se define como “uma casa de cultura e ciência, de convivência e celebração da diversidade do ser no mundo. Um lugar onde os humanos e não humanos vivem juntos, felizes”.

Está localizado na Reserva Florestal Adolpho Ducke (zona Norte), pertencente ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). 

No local foi construída uma torre de quarente e dois metros, acima da copa das árvores, para fruição dos visitantes e para pesquisa.

“O Musa é museu vivo. Um teatro-floresta, onde podemos ver os atores, as plantas, os pássaros e os insetos representar o jogo da vida, lá onde nascem, se transformam e se multiplicam”, deixou registrado. 

“[…] Seu papel na luta pela educação e divulgação científica foi notável, deixando como outro legado a revista Ciência Hoje e um sem – número de projetos e iniciativas que sempre prestigiou”, destaca o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro.

“As lembranças que tenho de Ennio são muitas, mas a sua lucidez e firmeza ao enfrentar todas as dificuldades nos caminhos da ciência e tecnologia sempre me impressionaram, acompanhadas de boas ideias. Não consigo imaginar uma reunião do Conselho da SBPC sem a presença de Ennio”, Fernanda Sobral, diretora da SBPC.  

“[…] Ennio Candotti e SBPC se confundiram. E ambos se confundiram com a história das lutas nacionais em defesa da ciência, da soberania, da democracia, da educação, do meio ambiente e da inclusão social”, Cláudia Linhares Sales, secretária-geral da SBPC.

Ele era um porta-voz da região Amazônica. Um construtor. Ennio vivia em outra dimensão da imaginação científica. Ele realizava sonhos, era a principal força proveniente da história da institucionalização da ciência no Brasil. Ele esteve à frente da luta pelo desenvolvimento da ciência brasileira. Esteve junto de outros cientistas na criação de instituições importantes para a ciência no Brasil, como, por exemplo, a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia, Marilene Corrêa da Silva Freitas, diretora da SBPC e professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

“Sempre foi comprometido com o desenvolvimento científico brasileiro e a preservação do meio ambiente. Aos seus familiares, seus amigos e alunos minha solidariedade neste momento de tristeza e saudade”, presidente Lula. 

“Mais que um revolucionário, ele contribuiu para a valorização da educação e da divulgação científica. Ennio também era um lutador pela democracia. Um amigo para sempre”, Helena Nader, presidente de honra da SBPC e presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). 

“[..] Seu legado será eternamente lembrado como exemplo de dedicação, comprometimento e amor pela ciência. A comunidade científica perde um grande líder, mas suas ideias e realizações continuarão a inspirar futuras gerações de pesquisadores”, trecho da nota de pesar do Inpa. 

Redação e informação do Jornal da Ciência, informativo da SBPC: http://portal.sbpcnet.org.br/publicacoes/jornal-da-ciencia/ e portal do Musa https://museudaamazonia.org.br/#:~:text=O%20Musa%20ocupa%20100%20hectares,vem%20sendo%20estudada%20com%20paix%C3%A3o.

**O autor* é jornalista, sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas.

Foto: reprodução/Cnpq