Pauderney defende BC diante das críticas contra altas taxas de juros

Em sessão pelos 60 anos do Banco Central, Pauderney Avelino sai em defesa da política monetária diante de duras críticas sobre as altas taxas de juros no Brasil.

Pauderney

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 02/04/2025 às 16:27 | Atualizado em: 02/04/2025 às 16:29

O deputado Pauderney Avelino (União) foi um dos poucos parlamentares a se posicionarem na defesa da política monetária do Banco Central que adotou as altas taxas de juros, que bateram em 14,25% no mês passado.

Numa sessão na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (1º), em homenagem aos 60 anos do Banco Central, o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, precisou se justificar amiúde diante das críticas sobre essa política monetária.

“Eu quero crer que a questão dos juros altos está muito mais próxima de uma política fiscal que não está muito comprometida com as ações que o Brasil precisa”, disse o deputado amazonense para quem a previsibilidade da ação fiscal faz com que o BC “muitas vezes se antecipe para evitar um mal maior”.

De acordo com ele, é preciso ter uma política fiscal sólida para que os juros caiam, porque ninguém se beneficia com juros altos.

Pauderney classificou a atual política fiscal do governo inconsistente: “Infelizmente, nós vamos continuar com essa política para manter a inflação sob controle”.

Para ele, o país não pode cair na conversa de que é o mercado o único a se beneficiar das altas taxas.

“Acredito que todos sofrem, mas nós precisamos ter consistência de que essa política fiscal não brigue com a política monetária”, defendeu.

Banco Central

Para o presidente do BC, a política monetária precisa ser mais dura do que a de outros países para obter os mesmos efeitos.

De acordo com ele, em outros países, o setor financeiro não entende por que, mesmo com taxas altas, a economia brasileira ainda consegue manter o dinamismo. E disse que isso é necessário para controlar a inflação.


“Alguns grupos conseguem exceções para pagar menos, enquanto uma grande maioria é obrigada a pagar mais em compensação. Nós temos uma série de subsídios cruzados, perversos e regressivos na sociedade brasileira. E talvez para nós, do Banco Central, esses ônus e bônus, essas trocas, sejam mais evidentes”, justificou.

Ele afirmou ainda que seu compromisso com a meta de inflação é “inabalável” e que o desafio da instituição é a comunicação fundamentada das suas decisões.

Críticas

“Parem de mentir para o povo brasileiro que a culpa é do déficit público! Não é. O déficit público do ano passado foi mínimo”, criticou o deputado Luiz Carlos Hauly (Pode-PR).

O parlamentar disse que nos Estados Unidos o déficit público foi dez vezes maior. “E vocês também são responsáveis por essa situação caótica do povo brasileiro, empobrecido pelas elevadas taxas de juros que vocês praticam, sem ficar vermelho como estão agora”, provocou Hauly.

“É inaceitável, presidente Gabriel Galípolo, você seguir a mesma metodologia do Roberto Campos [Neto, ex-presidente do BC]. Você que foi nomeado pelo presidente Lula”, criticou o deputado, que é um dos idealizadores da reforma tributária.

O deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE) afirmou que o governo conseguiu reduzir as despesas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) entre 2023 e 2024. No entanto, ele alertou que esse esforço pode ser anulado rapidamente. Isso porque, uma decisão de aumento dos juros tem impacto direto nas contas públicas. Com isso, o custo da dívida pública sobe de forma muito mais intensa. Segundo ele, esse aumento compromete todo o avanço fiscal obtido em pouco tempo.

O deputado Heitor Schuch (PSB-RS) citou a situação do seu estado, bastante afetado pelas mudanças climáticas.

“Na semana passada, houve a maior feira de agricultura familiar do Brasil em Rio Pardo. Não deu um negócio, porque ninguém se atreve a comprar uma máquina, por menor ou maior que seja, pagando 15% de juros”, observou o deputado.

Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

Com informações da Agência Câmara