O Brasil e a ditadura chavista

Venezuela pede intervenção da ONU no Brasil

Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 23/05/2018 às 19:11 | Atualizado em: 23/05/2018 às 19:14

Por Thomaz Antonio Barbosa*

 

A eleição da Venezuela, no domingo, 20, é a expressão do desencanto total do eleitor mundial com o modo de se fazer política no início deste século. Com 92,6% dos votos apurados, o chavista Nicolás Maduro já era declarado pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela presidente reeleito para mais seis anos de mandato, sob denúncias de fraude, protestos em vários países e uma grave crise de desconfiança internacional.

Nicolás Maduro venceu a eleição com 67% da votação, obtendo, segundo ele, o “recorde histórico” de 5.823.728 eleitores em um pleito que contou com a participação de 46% dos cidadãos aptos a votar, registrando o índice alarmante de 52% de abstenções. A diferença para o segundo colocado Henri Falcón atinge mais de 4 milhões de votos, 47% do total. O candidato alcançou 21%, totalizando 1.820.552 dos votantes.

Outro fator relevante a considerar nas eleições da Venezuela fica por conta de um segmento que cresce em número e em representatividade na América Latina, onde tivemos em terceiro lugar o pastor evangélico Javier Bertucci com 11%, 925.042 votos.

A vitória de Maduro nas urnas pode se configurar como a derrota de uma concepção política onde se mistura uma miscelânea de ideias marxistas, keynesianas, cristãs e humanistas, com uma pitada de indigenismo.

A reeleição do ditador com míseros 28% do total dos eleitores venezuelanos deixa latente a rejeição ao chavismo, à situação de miséria em que está o país e de aflição que vive seu povo, que tem como válvulas de escape a Colômbia, para onde migram os remediados, e o Brasil, que acolhe os mais necessitados.

E por falar em Brasil, em função da proximidade com as ditaduras civis latinas, deverá viver situação semelhante. A eleição suplementar de 2017, no Amazonas, poderá ter sido um aperitivo do banquete de outubro de 2018 em todo o território nacional.

A população indignada não foi às urnas na eleição tampão, atingindo a soma absurda de 603.914 abstenções, o que representou 56,98% dos 1.322.251 que votaram. Amazonino se elegeu com 780.982, perfazendo 59,21% dos votos válidos; Eduardo Braga obteve 539.318 e um percentual de 40,79%. Foi a vitória dos que não votaram.

Já o Brasil, depois desse mergulho no neopopulismo bolivariano, algo de estranho e novo, talvez absurdo, mas não inesperado, poderá acontecer na eleição deste ano. O país vive um momento de transição democrática ou coisa maior, sobretudo após o impeachment de Dilma Rousseff e dessa situação hedionda em que se meteu a República Bolivariana da Venezuela por meio de seu regime abominável.

Em razão dos fatos, da crise institucional, de decência e de identidade, o brasileiro está decidindo o que quer ser de agora em diante. Ao que parece, não é somente a mudança de governo que flutua na mente da massa entorpecida, como também a forma de governar. É perceptível que no seio da pátria se acalanta um clamor por rupturas democráticas.

De concreto é que a democracia representativa parasitária e o aparelhamento do Estado por meio de um partido autoritário, capitaneado por um líder egocêntrico, trouxeram reflexões apavorantes. O Brasil cresceu sem evoluir.

Por exemplo, a educação que se vê nas estatísticas não é vista nas ruas, nas redes sociais, principalmente, senão o com certeza não seria “concerteza”, até porque doutores escrevendo “nada haver” não tem mesmo nada a ver.

Não chegamos a ser a Venezuela, mas fomos vizinhos também na forma de pensar e compartilhar misérias. No Brasil dos graduados não letrados, a parcela mais frágil da sociedade chegou a se ajoelhar aos pés do tirano em busca de uma famigerada bolsa- família, em detrimento das vultosas quantias subtraídas dos cofres da pátria.

Sem nada que me faça prever o futuro nesse emaranhado de linhas tortas, temo que o resultado desse desencantamento seja o esvaziamento das urnas, como já foi o das esperanças e das virtudes.

Provavelmente essa será a forma que o eleitor terá de buscar um novo modelo de crescimento econômico, político e social; uma representatividade que permita reduzir as desigualdades, combater a corrupção; um governo que não lhe prometa o paraíso, mas que lhe permita viver sem mentiras, engodos e falsas ilusões.

Sobre a eleição de agora? Quem melhor fidelizar seu eleitor, vence.

 

*O autor é contador, formado em ciências contábeis pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), MBA em marketing pela Universidade Gama Filho e mestrando em ciências empresariais na UFP/Porto, em Portugal.

 

Fotomontagem com imagens dos sites millenium.org.br e pulsosocial.com