Bolsonarismo, sinônimo de violência
"E isso não é força de expressão ou exagero, mas, sim, a constatação de um ethos, de um modus operandi"

Neuton Correa, Aldenor Ferreira*
Publicado em: 16/04/2022 às 04:00 | Atualizado em: 15/04/2022 às 06:09
Na semana passada escrevi sobre o triunfo da mentira no governo Bolsonaro. Trata-se de um governo que se elegeu, governou e está tentando se reeleger mentindo. No texto de hoje quero me ater a outra característica: à violência como parte constitutiva desse movimento nazifascista.
Como definido no título deste artigo, falar em bolsonarismo é, necessariamente, falar em violência. E isso não é força de expressão ou exagero, mas, sim, a constatação de um ethos, de um modus operandi.
O presidente, com seu discurso violento, direta e indiretamente, até mesmo pedagogicamente, estimulou e possibilitou a abertura de uma espécie de “Caixa de Pandora” que estava nos recônditos da sociedade brasileira, permitindo que psicopatas nazifascistas e fundamentalistas religiosos passassem a ter certa “autorização” para destilarem seu ódio publicamente, sem o menor pudor.
Esse segmento reacionário e violento sempre esteve presente na sociedade brasileira, mas ficava no fundo da cena. Com Bolsonaro, eles ascenderam ao papel principal e tornaram-se protagonistas.
Em um rápido exame nos noticiários nacionais, encontramos registros de diversas modalidades de crimes cometidos por bolsonaristas convictos, que vão desde fraudes ao erário, ameaças, calúnias, difamações, estupros, feminicídios e outros tipos de assassinatos, sejam eles de pessoas ou de reputações.
Trata-se de uma ética do mal, de um tipo de comportamento voltado à prática de delitos de menor ou de maior potencial ofensivo. Como dito, abundam exemplos de episódios violentos de bolsonaristas registrados na imprensa, vejamos algumas manchetes.
Revista Exame de 11 de outubro de 2018: “Apoiadores de Bolsonaro realizaram 50 agressões no início de outubro”. De acordo com a reportagem, nesses ataques, “uma jornalista foi esfaqueada; um carro foi jogado em cima de um jovem com camiseta de Lula; e um jovem recebeu um adesivo colado à força nas suas costas, com um tapa, e depois foi jogado ao chão”.
Rede Brasil Atual, reportagem de 8 de outubro de 2018: “Apoiador de Bolsonaro mata mestre de capoeira a facadas em Salvador”. Esse caso teve grande repercussão nacional, como mostra a reportagem, e a vítima foi Angola Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, conhecido como Moa do Katendê, habitante da cidade de Salvador e importante músico percursionista baiano.
Portal Justificando, matéria publicada em 13 de novembro de 2018: “Violência eleitoral: Bolsonaristas cometeram 10 vezes mais agressões que oposição, aponta estudo”. De acordo com a matéria, o levantamento apontou “violência contra eleitores, minorias, ativistas e as próprias instituições”.
Revista Fórum de 17 de maio de 2021: “Feminicídio: bolsonarista mata mulher a facadas em frente à filha de cinco anos”. Segundo a reportagem, o crime foi cometido por Feliciano Rodrigues Candido Neto, cuja rede social era repleta de publicações em favor de Bolsonaro.
Há, ainda, os emblemáticos casos de dois importantes bolsonaristas: Jairo dos Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho, ex-vereador na cidade do Rio de Janeiro, e Flordelis dos Santos Souza, ex-deputada federal, também pelo Rio de Janeiro.
O primeiro está sendo julgado pelo assassinato de seu enteado, o menino Henry Borel, de apenas quatro anos de idade. A segunda, de igual forma, está sendo julgada sob a acusação de ser a mandante do assassinato de seu esposo, o pastor evangélico Anderson do Carmo.
É importante ser mencionado, ainda, os casos do deputado federal Daniel Silveira e do blogueiro Alan dos Santos. O primeiro é réu no Supremo Tribunal Federal por participação em atos antidemocráticos, tendo sido preso, preventivamente, por ameaçar ministros da corte. O segundo é acusado de vários crimes em inquérito presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, também do STF e encontra-se, hoje, foragido.
A lista de personagens bolsonaristas que cometeram crimes é quase interminável. Logo, seriam necessárias muitas páginas para dar conta de todos. Reitero que não se trata de ilações, má vontade, ou qualquer tipo de indisposição para com aquilo que se convencionou chamar de bolsonarismo, mas, sim, de um dado de realidade.
Os fatos, os números e a prática nos levam a concluir que, de fato, o bolsonarismo traz na sua gênese a violência, em todas as suas formas. Este texto, por exemplo, será fortemente atacado pela claque quando for ao ar. Eles(as) não conseguem desenvolver nenhum tipo de argumentação que não perpasse alguma forma de violência.
Nesse sentido, e perante o exposto até aqui, não há outra adjetivação possível – o bolsonarismo é mesmo sinônimo de violência.
Foto: Reprodução/YouTube/UOL
*Sociólogo