#Toadas passeia pela história e vira exaltação à cultura dos bois

Caju Ideas
Publicado em: 29/04/2022 às 18:33 | Atualizado em: 30/03/2023 às 12:17
Na abertura de sua sexta temporada, o #Toadas de 2022 reuniu convidados símbolos do Festival Folclórico de Parintins, na tarde deste sábado (16).
O público presente e os espectadores que acompanharam pelas plataformas digitais viram acontecer um raro encontro de Chico da Silva, Rei Azevedo, Carlinhos Pato, três dos artistas mais importantes da história do festival.
Toadas históricas, fatos e causos formaram o roteiro do programa que durou mais de duas horas e meia.
Pra completar o time, o jornalista Marcos Santos, parintinense raiz, fez dupla com Neuton Correa, no comando do programa, ao lado do radialista Juliano Santana, o Petro Velho.
O #Toadas volta ao seu formato de origem, com o objetivo de reunir o cancioneiro antológico do boi-bumbá.
“Este ano, a gente volta à proposta original porque Em 2020 e 2021, nós tivemos que mudar o formato para dar um apoio aos artistas que ficaram sem atividades por causa da pandemia. Agora, voltamos ao objetivo do início que é contar e cantar a história da toada de boi-bumbá”, afirmou o jornalista Neuton Correa.
Homenagem a Sidney Rezende
O primeiro #Toadas de 2022 já começou emocionando.
O cantor e compositor Sidney Rezende, falecido no último dia 9 de abril, recebeu uma homenagem do programa.
Algumas toadas do imenso legado que “Sidão” deixou foram cantadas em um pout pourri de muitas lembranças. “Nações extintas”, “O Amor está no ar”, “Pássaro sonhador” foram entoadas em uma justa homenagem ao mineiro que deu toques arrojados ao ritmo do boi-bumbá e inovou inserindo pela primeira vez um naipe de instrumentos de metal nas toadas, inclusive dentro da arena do Bumbódromo de Parintins.
“Sidão era um diferenciado na música, na melodia. Foi ele que me levou pro boi. Foi com ele que fiz minha primeira música de boi. Ele, na sua arte, era um cara extremamente generoso com todo mundo. Daí tira-se uma ideia do tamanho da minha perda”, afirmou o empresário Zezinho Cardoso com quem Sidney compôs ‘Pássaro Sonhador” (1995), uma das toadas mais marcantes do Boi Caprichoso.
Outros nomes que partiram foram lembrados. Klinger Araújo, Arlindo Júnior foram citados como “gente que partiu pra ficar”, como está eternizado na toada “Sentei junto ao pé da roseira”, de Émerson Maia, que também partiu em 2020, vítima de complicações da covid.
Momentos aplaudidos pelos presentes, incluindo vários artistas dos bois de Parintins, como Edmundo Oran (apresentador do Caprichoso), João Paulo Faria (amo-do-boi do Garantido) e brincantes antigos ligados aos bois contrários.
Roda de toada
Proposta principal do #Toadas, a tarde do sábado virou um passeio em um clima de reunião de amigos no fim de semana onde a tradição ditou o cardápio musical.
Com direito à chamada “oi vaqueiro, traz o meu boi pra brincar…”, na voz do ex-amo-do-boi Caprichoso, Rei Azevedo, e também toadas que fizeram muita gente voltar a tempos onde a disputa de azulados e encarnados era travada nas ruas de Parintins sob luzes de lamparinas, na força das gargantas e no batuque único de instrumentos de percussão.
Brincadeira com roteiro bem montado, que ofereceu desde Chico da Silva cantando a sua inesquecível “Boi do Carmo” até o coro entoando “esse ano eu vou, erguer minha bandeira”, da toada “Vaquejada”(1984) composição do Carlinhos Pato, um dos presentes na roda e que teve uma sequência inteira de suas toadas executadas pelo grupo Sangue Azul, composto por Neil Armstrong (violão), Geraldo Brasil (violão), e Nei Azevedo (voz), entre outros músicos.
Emocionado, Carlinhos Pato, compositor de toadas azuladas inesquecíveis, disse que o programa superou as expectativas. “E já sabia que o programa seria muito bom. Mas não tem como mensurar tanta qualidade de irmãos, de artistas, de organização. Eu vim de uma fase muito difícil por causa da covid. Eu não tenho mais condições de cantar como antes, mas esse programa foi maravilhoso”, afirmou Pato.
Para Chico da Silva, o parintinense que antes de compor toadas, já fazia sucesso nacional com seus sambas, nos anos de 1980, o #Toadas fortalece as tradições do boi-bumbá. “A grande importância (do programa) está nisso aí: preservar essa tradição da toada. Eu acho que esse foi um grande encontro pra fortalecer essa causa”, comentou Chico da Silva.
Sucesso das redes
O #Toadas também teve uma grande e positiva repercussão entre os internautas. Transmitido pela plataforma YouTube, o programa recebeu mensagens emocionadas de torcedores. “Matando saudade a cada show, a cada programa, e já no aguardo o mês de junho chegar”amei a ornamentação, essa casa de palha lembra a minha infância”, em uma referência ao cenário do programa para 2022, assinada pelo artista Cristiano Carvalho, e que reproduz um terreiro na frente de uma casa feita de palha, moradia típica do caboclo ribeirinho da Amazônia. O programa pode ser revisto no canal BNC PLAY no YouTube.
Desafios de contrários
Com pouco mais de 2h30 de transmissão, a festa terminou da maneira que os brincantes antigos, dos tempos de Lindolfo Monteverde, Luis Gonzaga, e tantos outros faziam de primeiro. As todas de desafio finalizaram o programa em um revezamento de criações geniais, com os contrários cutucando entre si na forma poética que caracteriza as todas antológicas.
Patrocínio e apoio
O programa #Toadas recebe o apoio do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa. O Governo do Estado é o principal organizador e incentivador do festival de Parintins.
O programa conta com o apoio da Samel, Água Mineral Yara, LogicoPro, Amazon Best e da Prefeitura Municipal de Parintins, que apoiam o evento desde o seu começo, em 2017.
Horário e entrada
O programa será exibido no horário de sempre, a partir das 12h (Manaus), todos os sábados. O local é o restaurante Kananciuê, localizado na rua Nazira Daou, nº 22, Conjunto Morada do Sol, no Aleixo. O #Toadas tem entrada franca.