BID tem um presidente brasileiro preocupado com a Amazônia

O BID é um parceiro de primeira grandeza do Governo do Amazonas, com o qual realizou ou mantém projetos em desenvolvimento.

BID tem um presidente brasileiro preocupado com a Amazônia

Ednilson Maciel, por Marcellus Campelo*

Publicado em: 30/11/2022 às 13:27 | Atualizado em: 30/11/2022 às 13:27

A eleição do primeiro brasileiro para ocupar a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) é um fato histórico e uma oportunidade ímpar para o país, em termos de prestígio mundial. Eleito para o cargo com 80,1% dos votos, uma larga vantagem, o economista Ilan Goldfajn, que toma posse em 19 de dezembro, tem dito em entrevistas que pretende fazer um trabalho que orgulhe o Brasil e a América Latina.

Goldfajn nasceu em Israel, mas mudou para o Rio de Janeiro ainda muito jovem. Presidiu o Banco Central entre 2016 e 2019 e, no novo cargo, promete transparência e diálogo. Ele defende investimentos em projetos capazes de fomentar o crescimento com inclusão social, diversidade e preservação ambiental. Os temas que devem ganhar destaque na sua gestão são as ações contra as mudanças climáticas e a redução da pobreza. Nessa esteira, tem revelado especial preocupação com a Amazônia, com a proteção da floresta e da biodiversidade.

Essa sensibilidade que demonstra ter com a nossa região, muito nos anima, porque o BID é um parceiro de primeira grandeza do Governo do Amazonas, com o qual realizou ou mantém projetos em desenvolvimento. São exemplos nesse sentindo a parceria com a Secretaria de Fazenda (Sefaz), através do Programa de Apoio à Gestão dos Fiscos do Brasil (Profisco), linha de crédito do BID; e com a Secretaria de Educação e Qualidade do Ensino (Seduc), por meio do Programa de Aceleração do Desenvolvimento Educacional do Amazonas (Padeam). BID e Governo do Amazonas também estão em tratativas para cooperação técnica em projeto rural sustentável, a ser desenvolvido pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema).

No âmbito da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), temos o Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+), em execução, e que é resultado de financiamento de U$ 80 milhões do banco e contrapartida estadual de U$ 34 milhões.

Também com o BID, a UGPE realizou o Programa de Saneamento Integrado (Prosai) Maués, que ainda tem obras complementares sendo executadas. E já obteve, por parte do governo brasileiro, a aprovação da carta consulta para implantação do Prosai Parintins, que também deverá contar com financiamento do BID.

Ambos os programas da UGPE, na capital e no interior, abrangem intervenções ambientais, urbanísticas e habitacionais, com implantação de sistemas de abastecimento de água, de saneamento e tratamento de resíduos sólidos. São projetos que impactam na vida de muita gente e que tiram famílias das áreas de risco de alagamento e insalubres, reassentando-as em moradias dignas.

São ações que estão em total sintonia com o trabalho sobre o qual o novo presidente do BID pretende se voltar, ao mostrar disposição em priorizar as populações vulneráveis, uma fatia que cresceu mais ainda com a pandemia e que vem sendo duramente atingida pelo cenário de crise mundial, com inflação elevada e preços em alta dos alimentos e outros produtos de primeira necessidade.

É de acentuada importância a sua preocupação em ajudar os países mais pobres, para que possam, por exemplo, investir em energia limpa, considerando as mudanças climáticas, e em instalar redes de proteção social e investir em produção de alimentos.

Fundado em 1959 e com sede em Washington, o BID é a maior e mais antiga instituição financeira de fomento regional. Agrega 48 países-membros, de onde obtém os recursos financeiros que aplica, além de captações nos mercados financeiros, fundos que administra e operações de cofinanciamento. Tem atuação forte em áreas como educação, saúde e infraestrutura, com foco na qualidade de vida das pessoas.

Os recursos do BID são vitais para o desenvolvimento dos países da América Latina e Caribe, que têm no banco a sua principal fonte de financiamento para a promoção do bem-estar econômico, social e ambiental.

Além dos empréstimos e subsídios que viabiliza, o BID atua com cooperação técnica e pesquisas para o setor público e privado. Tem uma carteira de 616 projetos ativos em 27 países, o maior número deles (82) no Brasil. Os investimentos nesses projetos todos somam U$ 56,2 bilhões.

O banco, conforme tem sido divulgado, tem algo em torno de U$ 30 bilhões para projetos em preparação ou implementação no Brasil. É claro que o nosso país não terá regalias do órgão – e nem se espera isso de uma instituição de tal credibilidade, onde os projetos são julgados a partir de critérios eminentemente técnicos. Mas a presença de um brasileiro na presidência do BID dá ao país a certeza de um olhar mais apurado para os problemas locais e, agora sabemos, com especial preocupação, e sensibilidade aguçada, para a preservação da região Amazônica. Temos muita expectativa de que faça uma grande gestão nesses cinco anos que terá pela frente no cargo e torcemos por isso.

*O autor é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas.