Baixa da Xanda, um museu a céu aberto
Dassuem Nogueira destaca neste artigo o projeto do Centro de Patrimônio e Memória do Boi-Bumbá Garantido, que prevê identificar as casas de personagens importantes na história da comunidade.

Ednilson Maciel, por Dassuem Nogueira*
Publicado em: 07/05/2025 às 10:18 | Atualizado em: 07/05/2025 às 10:21
Dé Monteverde, artista e professor, coordenador do Centro de Patrimônio e Memória do Boi-Bumbá Garantido, realiza um sonho antigo: transformar a baixa da Xanda, em Parintins, em um museu a céu aberto.
Além de embelezamento, com pintura da fachada das casas, ressaltando as cores vermelho e branco, o projeto do centro prevê identificar as casas de personagens importantes na história da comunidade.
Como a de Maria Monteverde, a mais velha da família do fundador, única filha viva de Lindolfo Monteverde e de Reck Monteverde, que faz o toque de chamamento da batucada na arena do bumbódromo.
A intenção é homenagear essas e outras personagens com placas que contam sua história no boi-bumbá.
Nomes como o de seu Argentino, o primeiro Pai Francisco, e seu Maximiliano, versador, importante parceiro de Lindolfo, assim como Didi Piedade. Eles são conhecidos na comunidade da baixa da Xanda, mas a proposta é que o público externo e as novas gerações também os conheçam.
Além disso, serão feitos murais com versos de grandes compositores, como Chico da Silva, Braulino e Emerson Maia.
A proposta é disponibilizar um QR code nesses murais para que os interessados acessem as letras completas e um breve histórico dos compositores.
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Enfeitando a casa
Enfeitar a casa para receber os visitantes é uma tradição da ilha, comumente, capitaneado por membros de suas comunidades, com ou sem apoio das agremiações folclóricas Garantido e Caprichoso.
Na baixa, o puxirum das bandeirolas, termo caboclo para mutirão, era feito, tradicionalmente, por dona Nazaré, manicure. Em função de seu adoecimento e falecimento, há dois anos, o puxirum não acontecia.
Por isso, o projeto iniciou com o puxirum das bandeirolas, que ficam penduradas em fileiras aéreas que atravessam as ruas. E foi executado pelos familiares de dona Naza.
Neste momento, está em andamento a pintura das fachadas das casas da avenida Lindolfo Monteverde. A próxima etapa será a identificação das casas dos homenageados.

A previsão é concluir antes do dia 12 de junho, quando o Garantido sai às ruas em homenagem a Santo Antônio.
Para Dé Monteverde, a baixa da Xanda, que leva o apelido de sua bisavó, dona Alexandrina, é um reduto de cultura e memória, e está para o patrimônio amazonense como o Pelourinho está para Salvador, na Bahia.
Por esse motivo, o objetivo do projeto é demarcar fisicamente esse lugar com memória, arte e poesia.
*A autora é antropóloga.
Fotos: divulgação