Antropóloga de raíz parintinense deixa comissão de artes do Garantido

Como toda pessoa nascida em família parintinense, eu, Dassuem Nogueira, nasci já fazendo parte de uma comunidade bovina. Não houve um momento em que escolhi ser Garantido, simplesmente, sou.

Assim como a cor do meu cabelo ou da minha pele, meu coração é vermelho. É como um traço físico que faz parte do que sou e que é público, está aí para quem interessa ver. 

Me formei antropóloga. Por ofício, vejo o mundo com as lentes dessa disciplina que se preocupa com o que torna grupos de pessoas, coisas, músicas, algo único. 

Desde o ano passado, alimento esta coluna do BNC Amazonas com assuntos do boi-bumbá de Parintins, pelo que sou imensamente grata. Pois, na minha profissão, trabalho temáticas pesadas, injustiças, tragédias. 

Falar do que amo e conheço por dentro é um grato suspiro.

Por ser Garantido, procuro tratar tudo relacionado ao boi Caprichoso com o máximo de respeito e justiça, inclusive para amenizar onde, eventualmente, possa vir a fazer falta a paixão. 

Por amor e por ofício, entendo minha participação nessa coluna como uma responsabilidade com a gente do boi-bumbá.

Ano passado fui convidada para compor a comissão de artes do boi Garantido, ao lado de pessoas da minha família, colegas de profissão e gente por quem nutro admiração de fã. Por isso, me sinto honrada.

Hoje, também por amor e por ofício, informo que desde o último sábado, 4 de maio, não faço mais parte dessa comissão. 

Leia mais

Após crítica do BNC, toada ‘Parintina rainha’ é excluída pelo Garantido

Choque

Meus posicionamentos sobre temas publicados nesta coluna vão de encontro aos que a direção tem expressado, ainda que por meio da não manifestação.  

Sendo melhor para as partes, a partir de hoje, no âmbito do Festival Folclórico de Parintins, me dedicarei exclusivamente à feitura desta coluna. 

Espero com isso contribuir mais e melhor com a cultura do boi-bumbá de Parintins.

Foto: Dassuem Nogueira/cedida especialmente ao BNC Amazonas